RIO ? Os servidores do Iphan lamentaram neste sábado a saída de Marcelo Calero do Ministério da Cultura. Em nota, a Asphan (Associação Profissional dos Trabalhadores do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural Nacional) disse que Calero demonstrou ser um “homem digno e probo” ao fazer o pedido de demissão (leia abaixo a nota completa). Links Calero
Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, Calero acusou o ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, de ter feito pressão para que ele interferisse no Iphan com o objetivo de acelerar a aprovação de um empreendimento imobiliário na Bahia. Geddel é dono de um apartamento no prédio, que dependia de aprovação federal, após ter sido aprovado pelo Iphan da Bahia, comandado por seus aliados.
O comunicado da Asphan ? assinado pelo presidente da entidade, Leonardo Barreto de Oliveira ? diz esperar que o “Ministério Público Federal apure os fatos e promova devidas correções de conduta”. Leia o texto:
“Neste momento, cumpre à ASPHAN, lamentar a saída do Ministro Marcelo Calero, que pediu exoneração alegando pressões políticas, pois se negou a interferir em decisão técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para atender interesses pessoais do também Ministro Geddel Vieira Lima, proprietário de apartamento em edificação embargada pela autarquia. Demonstrou, com seu ato, ser homem digno e probo. Justo também, elogiar sua conduta em relação ao tratamento dispensado ao corpo funcional da instituição. Manteve em seu período de gestão, fazendo jus a sua condição de diplomata, dialogo com a associação de servidores de maneira íntegra e cordial. Reconhecemos seus esforços para tentar melhorar as difíceis condições de trabalho dos servidores do IPHAN, bem como seu respeito pela honradez da Instituição, que brevemente completará 80 anos de relevantes serviços prestados ao país. Importante registrar, que esta conduta, de zelar pela prevalência de critérios impessoais nas decisões públicas, também demonstrada pela colega de carreira e Presidente do IPHAN, Kátia Bogea, é a que esperamos de nossos dirigentes. Essa conduta mantém a nós, servidores do IPHAN, firmes para enfrentar as pressões às quais, nas ações de fiscalização somos cotidianamente submetidos, na difícil tarefa de garantir à sociedade brasileira o direito a sua herança cultural, conforme estabelecido na Constituição Federal. Confiamos no repúdio da sociedade, e da mídia, a estas interferências políticas indevidas, e no apoio ao nosso trabalho isento que visa impedir, que, em beneficio de poucos, a especulação imobiliária descaracterize ou destrua locais referenciais de nossa identidade, como neste caso o conjunto protegido da cidade de Salvador. Esperamos, pela gravidade dos atos narrados, que o Ministério Público Federal apure os fatos e promova devidas correções de conduta.O Ministro Marcelo Calero conquistou nosso respeito e solidariedade. Desejamos sucesso em sua jornada como servidor público federal. Certamente, com seu ato, engrandeceu nossa carreira.”