Cotidiano

Sem terra nem lei

Um grupo de trabalhadores rurais sem-terra montou acampamento ontem pela manhã às margens da PR-180, a cerca de 200 metros da BR-277, sentido Juvinópolis, em Cascavel.

Segundo o apurado pela reportagem, o grupo teria enviado um ofício ainda na quarta-feira (11) “avisando” a Polícia Militar que iria para o local.

Eram cerca de 30 pessoas, mas pelo menos 70 eram esperadas no acampamento. O objetivo era acomodar 300 famílias. Espera-se chegar a este número até domingo.

O grupo é o mesmo que tentou invadir a Fazenda Keli – antiga Fazenda Rimafra – há cerca de um mês, mas foi retirado pelo Pelotão de Choque após flagrante. Na ocasião, o Choque foi acompanhado por um oficial de Justiça, tendo em vista que a reintegração daquela área, que estava invadida havia quase 20 anos, foi decretada em julho passado.

A retirada

Antes mesmo que os barracos estivessem erguidos grupos especiais da Rocam (Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas), da Rotam (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas) e a Polícia Rodoviária Estadual, além do Serviço Reservado da PM, foram ao local e conseguiram negociar com os ocupantes, que abandonaram o local e seguiram para as margens de uma estrada rural, próximo ao Distrito de São João do Oeste, também em Cascavel.

Eles prometem formar uma força-tarefa para ir ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Curitiba, na próxima semana e cobrar, dentre outras questões, espaços para assentamento.

Parte do grupo diz ter documentos assinados pelo próprio Incra concedendo o direito a um pedaço de terra da antiga Fazenda Rimafra, a qual foi reintegrada na metade deste ano. Oficiais dizem que a Justiça não reconhece esses papéis como legítimos.

Quem são?

O bando se diz dissidente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e faz duras críticas ao movimento.

130 áreas invadidas

Em todo o Paraná, segundo a CPI das Questões Agrárias, existem hoje pelo menos 130 áreas rurais invadidas. Na lista para a reforma agrária estariam quase 6 mil famílias, mas o próprio Incra admite que lista é falha.