BRASÍLIA – O Diretório Nacional do PT, composto por 84 membros, está reunido pela primeira vez desde o afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo. O partido discute o futuro da legenda diante da sua maior crise política. Na pauta, possíveis estratégias para ainda tentar impedir o afastamento definitivo de Dilma no Senado, a relação com o governo interino de Michel Temer e as políticas de aliança para as eleições municipais. A tendência, nesse caso, é o partido aprovar preferencialmente coligações com legendas mais à esquerda e aliados de fato, como PCdoB, PDT e PSOL, mas não fechar a porta para eventual dobradinha com outros partidos, caso do PMDB. Aí, será avaliado caso a caso.
Tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto a presidente afastada não vão participar do encontro. A assessoria do ex-presidente diz que ele, apesar de ter sido convidado, não tem costume de participar desses encontros. Aliados acreditam, porém, que Lula, que é presidente de honra da sigla, sabe do seu poder de influência e por isso pretende deixar o diretório mais livre para discutir os desdobramentos do impeachment e os erros cometidos nesse período.
Vários ex-ministros de Dilma participam do encontro, como Edinho Silva (Comunicações), Eleonora Menicucci (Secretaria das Políticas Para as Mulheres, depois fundido na Secretaria de Direitos Humanos), Carlos Gabbas (Previdência Social). É aguardada a presença de Miguel Rossetto, que ocupou diversas Pastas nos governos Lula e Dilma, como Desenvolvimento Agrário e, ultimamente, Secretaria do Governo.
O encontro vai durar o dia inteiro e, no final da tarde, será apresentado um documento com as posições do partido nos vários tópicos. O presidente do PT, Rui Falcão, comanda a reunião. Vários deputados e alguns senadores participam. Estão presentes também o governador petista Wellington Dias, do Piauí e o ex-assessor especial Marco Aurélio.
? Vamos discutir aqui o que queremos para o partido. Sobre a volta de Dilma, temos de ser realista. Temos que virar votos de três senadores. É possível? É. Mas não é fácil. Devo dizer que, pelos primeiros atos de Michel Temer, ele tem sido grande parceiro para facilitar a volta da presidenta Dilma ? disse o deputado Envio Verri (PT-PR).
Wellington Dias usou o tom dos petistas e chamou de “golpe” o processo que levou ao afastamento de Dilma.
? Foi um golpe revestido de legalidade ? disse.