PARIS – Depois do Brexit e da eleição de Trump nos Estados Unidos, agora a França dá sinais de uma movimentação cada vez mais nacionalista com o partido de extrema-direita Frente Nacional na disputa para a presidência do país neste ano. Isso porque, se eleita, a candidata Marine Le Pen prometeu converter ? 1,7 trilhão da dívida pública francesa em uma nova moeda nacional. Assim, o partido pretende converter cerca de 80% da dívida pública da França (parte que foi emitida sob o direito francês), que totaliza ? 2,1 trilhões, em francos.
De acordo com as agências de classificação de risco, tal medida provavelmente seria considerada como o maior calote já dado por uma nação: quase dez vezes maior que a dívida de ? 200 bilhões, contraída pela Grécia para reestruturação do país, em 2012. A medida representa uma ameaça de caos no sistema financeiro mundial e até mesmo do fim do euro como moeda única do bloco europeu.
Segundo o chefe de estratégia da Frente Nacional, David Rachline, apenas 20% por cento do total da dívida pública francesa ficaria sob o direito internacional (permanecendo, portanto, em euros), e que teriam, portanto ?direito de mudar a moeda do restante?.
As pesquisas, no entanto, apontam que Le Pen terminará em segundo lugar no primeiro turno da eleição, que acontece em maio. Apesar disso, investidores já começam a se preocupar com o risco de uma possível vitória da candidata, já que seu principal rival, o candidato do partido de centro-direita François Fillon ficou enfraquecido depois de um escândalo sobre cabides de empregos para sua mulher e filhos.
Segundo o presidente da agência de classificação de países Standard & Poor?s, Moritz Kraemer, o risco é uma certeza:
? Não há nenhuma ambiguidade aqui… Se o emitente não adere às obrigações contratuais de seus credores, incluindo o pagamento na moeda estipulada, [nós] iriemos declarar incumprimento.