Cotidiano

Rolls-Royce pode ter usado suborno para conseguir grandes contratos

300095143_1-5.jpgLONDRES Uma investigação conduzida pelo jornal ?The Guardian? e pela empresa de comunicação BBC descobriu evidências que sugerem que a Rolls-Royce recorreu a um grupo de agentes contratados especialmente para conquistar contratos com, pelo menos, 12 países ? entre eles o Brasil. E, em alguns casos, essa rede usou de suborno.

A reportagem dos dois meios de comunicação britânicos descobriu documentos vazados e testemunhos de funcionários que indicam que a empresa que produz motores e turbinas de aviões pode ter engordado seus lucros por anos graças aos pagamentos ilícitos. E a investigação, dizem o jornal e a empresa de mídia, provavelmente incluirá ministros.

Segundo o jornal ?The Guardian?, essa rede de agentes da companhia está na mira de investigações de larga escala conduzidas por agências anticorrupção dos Estados Unidos e do Reino Unido. O jornal britânico acrescentou que são apuradas alegações específicas de intermediários subornando pessoas.

TRINTA INVESTIGADORES DESTACADOS

A reportagem afirma, ainda, que a atuação dos agentes pela companhia era bem maior do que previamente conhecido. E eles agiram em 12 países: Brasil, África do Sul, Angola, Arábia Saudita, Azerbaijão, Cazaquistão, China, Índia, Indonésia, Irã, Iraque e Nigéria.

Um dos que teriam trabalhado para o esquema da Rolls-Royce é o empresário Sudhir Choudhrie. Ele e o filho, Bhanu, foram presos, interrogados e negaram qualquer ato indevido, sendo liberados sem queixas formais, conforme o ?Guardian?.

A investigação da SFO, agência britânica que apura casos sérios e complexos de fraude, se tornou pública em 2012. Naquele ano, diz o ?Guardian?, a Rolls-Royce anunciou que a agência pedira informações sobre alegações de práticas indevidas em China e Indonésia. Segundo uma fonte legal do jornal, há 30 investigadores destacados a apurar o caso da empresa.

Ao ?Guardian?, especialistas anticorrupção explicaram que agentes com boas conexões são usados para fazer a ponte para subornos a políticos impostantes ou funcionários a cargo de fechar contratos. Mas ressaltam que há maneiras de usar agentes em outros países sem desrespeito a leis.

A SFO informou ao jornal britânico que ?está conduzindo grandes investigações sobre alegações de suborno e corrupção envolvendo Rolls-Royce e Unaoil. Nós não podemos fazer mais comentários no momento?.

O caso faz lembra o da Embraer, empresa brasileira fabricante de aviões que foi implicada em investigações nos EUA e no Brasil que apuravam o uso de suborno para conseguir contratos entre 2007 e 2011. Na semana passada, a empresa concordou em pagar US$ 206 milhões para encerrar as investigações.