RIO – Fechado há quase seis anos, após uma longa batalha judicial que garantiu a
reintegração de posse para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o
Canecão, uma das mais famosas casas de espetáculos do Rio por quatro décadas,
ainda não tem data para reabrir. O palco pelo qual passaram muitos artistas,
inaugurado pelo empresário Mario Priolli em 1967, encerrou as atividades em 15
de outubro de 2010 para ser transformado não só em um espaço de promoção de
cultura, mas também de educação, ensino e ciência da UFRJ. Porém, por falta de
recursos, o projeto não foi à frente e todo o mobiliário que havia no local está
abandonado.
Mas, apesar da crise financeira que a universidade enfrenta, o reitor Roberto
Leher garante que o espaço será reaberto por meio de parcerias
público-privadas:
? Foram os artistas que configuraram aquele espaço como
um patrimônio cultural estratégico para a cidade, e precisamos reivindicar essa
herança simbólica. Nós temos a responsabilidade de retomar esse espaço icônico,
agora com outro conceito. A recuperação do local será gradual, de modo que
possibilite o seu uso no prazo mais curto de tempo por artistas e pela
universidade.
IDEIA É ATRAIR EMPRESÁRIOS COM INCENTIVOS FISCAIS
Segundo o reitor Roberto Leher, a UFRJ espera reativar o Canecão com o apoio
das áreas de cultura do município, do estado e do governo federal: Canecão
? Vamos pedir, por meio de incentivos fiscais, a participação de empresários
que compreendem a relevância de um equipamento cultural que carrega uma tradição
histórica, construída por músicos e outros artistas.
Para Leher, o Canecão foi utilizado por décadas de forma indevida, o que
resultou numa longa disputa judicial:
? A despeito dessa relação desvantajosa para a UFRJ, compreendemos que a casa
de espetáculos onde funcionou o Canecão tornou-se, ao longo dos anos, um
patrimônio cultural do Rio de Janeiro e do país. Queremos recuperar o prédio,
devolvendo à cidade um espaço de promoção de cultura, mas também da educação,
ensino e ciência, que são finalidades da universidade.
No momento, profissionais da Escola de Belas Artes e arquitetos da UFRJ
trabalham para estabelecer um novo conceito para o local. A proposta é criar um
espaço multiuso, com mobiliário e palcos móveis, o que permitirá a realização de
eventos dos mais diferentes tipos, de seminários internacionais a shows de MPB,
de teatro de arena a concertos de música clássica.
PAINEL SERÁ RECUPERADO
A primeira atividade cultural para o público será a abertura do Laboratório
Público de Restauro, que exibirá aos moradores e turistas, em tempo real, a
restauração do painel ?A Última Ceia?, que o cartunista Ziraldo pintou em 1967,
na então choperia Canecão. A etapa atual é de preparação do restauro. Já foram
demolidos paredes e tapumes que há anos impediam que a obra fosse vista. O
painel é um dos maiores do Brasil, com 32mX6m.
Apesar do atraso para a reabertura do espaço, a UFRJ já conta com a torcida
de Ziraldo.
? A ideia é que eu trabalhe na restauração do mural com alunos da Escola de
Belas Artes. Tenho 84 anos e sou muito otimista. Gostaria muito de deixar o
mural inteiro ? disse o artista.