LONDRES – O Reino Unido vendeu títulos da dívida do governo com um novo recorde de juros baixos nesta quarta-feira, refletindo o apetite massivo de investidores por ativos considerados seguros em meio às turbulências e incertezas criadas pelo referendo que definiu a saída do país da União Europeia. Segundo o Departamento de Administração da Dívida (DMO, na sigla em inglês), foi negociado 1,25 bilhão de libras em títulos Gilt 2026 com taxa de juros de -1,578%.
O índice negativo significa que os compradores estavam tão ansiosos para se apossar desses ativos que estão efetivamente preparados para pagar ao governo do Reino Unido pelo privilégio de emprestar a ele. Não é a primeira vez que os papéis Gilt são negociados com rendimento negativo, mas é a maior taxa inferior a zero já registrada.
Até então, em 11 de abril de 2013, um leilão de títulos Gilts com vencimento em dez anos vendeu os papéis com taxa de -1,262%.
O pagamento dos títulos são protegidos contra o impacto da Inflação de Preços de Varejo, fazendo com que se tornem populares entre investidores e indicando que seus preços tendam a ser maiores e os rendimentos consequentemente menores do que os títulos mais arriscados.
O rendimento de títulos sem proteção à inflação com prazo de dez anos negociados em mercados secundários também está próximo de níveis mínimos recorde. O Gilt 10 anos estava a 0,747% nesta quarta-feira, levement acima da taxa mais baixa já registrada: 0,715%, alcançada em 11 de julho.
O Reino Unido também pode pegar emprestado por perídos até mais longos em taxas extremamente baixas. Na terça-feira, o DMO vendeu 500 milhões de libras de Gilts com vencimento em 2060 com taxa de juros de 1,44%.
Apesar das dúvidas sobre o crescimento futuro do Reino Unido gerado pelo Brexit, a consequência da saída da UE demonstrou que a dívida do governo britânico é vista como um ativo ultrasseguro.
A popularidade dos títulos Gult pode ser explicada pelas expectativas de que o Banco da Inglaterra (banco central) esteja perto de reiniciar o programa de compra de Gilts conhecido como flexibilização quantitativa, na tentativa de impulsionar o crescimento britânico.