LONDRES ? O Reino Unido criticou duramente o secretário de Estado americano, John Kerry, por descrever o governo de Israel como ?o mais direitista da História israelense?, um gesto que alinha ainda mais a primeira-ministra britânica, Theresa May, ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Kerry
Em um discurso de 70 minutos realizado poucas semanas antes de o governo do presidente dos EUA, Barack Obama, passar o bastão para Trump, Kerry alertou na quarta-feira que a construção de assentamentos israelenses está ameaçando a paz no Oriente Médio.
O porta-voz de May disse que o governo britânico acredita que, embora a construção de assentamentos em territórios palestinos ocupados seja ilegal, está claro que este está longe de ser o único problema do conflito.
?Nós não… acreditamos que a maneira de se negociar a paz seja se concentrar somente neste assunto?, disse o representante da premier em um comunicado. ?E não acreditamos que é apropriado atacar a composição do governo democraticamente eleito de um aliado?.
Os comentários de Kerry aumentaram as tensões entre o governo israelense e de Obama depois que os EUA se abstiveram em uma votação na semana passada e abriram caminho para uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigiu o fim da construção de assentamentos.
Trump fez lobby contra a resolução da ONU abertamente e criticou a maneira como Obama lidou com o relacionamento bilateral. Londres apoiou a resolução.
O departamento de Estado americano reagiu na quinta-feira à noite à declaração de May.
? Estamos surpresos com a declaração do gabinete da primeira-ministra do Reino Unido uma vez que as observações do secretário Kerry ? que cobriam toda a gama de ameaças a uma solução de dois Estados, incluindo terrorismo, violência, incitamento e assentamentos ? estavam em linha com a própria política de longa data do Reino Unido e seu voto nas Nações Unidas na semana passada ? disse um porta-voz.
Ele agradeceu ainda os países que apoiaram o forte discurso de Kerry:
? Estamos agradecidos pelas declarações de apoio ao discurso do secretário Kerry de todo o mundo, incluindo Alemanha, França, Canadá, Jordânia, Egito, Turquia, Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos e outros.