Cotidiano

Realizada pela Unicentro, mostra de arte valoriza cultura e compartilha práticas na educação de surdos

Evento aconteceu nesta semana, de forma online. Palestras realizadas por pessoas surdas, com intérpretes fazendo a voz, e por pessoas ouvintes, com intérpretes de Libras, estão disponíveis e podem ser acessadas no canal Unicentro TV.

Realizada pela Unicentro, mostra de arte valoriza cultura e compartilha práticas na educação de surdos

Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) é uma das parceiras na realização da III Mostra Arte Surda, que acontece no campus de Irati, até quinta-feira (23). A cerimônia de encerramento começa às ’19 horas e  será transmitida pelo canal Unicentro TV, onde também estará disponibilizado o conteúdo de todo o evento, incluindo as palestras. A Mostra antecipa as ações do Dia Nacional do Surdo, comemorado em 26 de setembro.

A iniciativa envolve, além da Unicentro, o CAS Guarapuava, que é a regional do Centro de Apoio ao Surdo e aos Profissionais da Educação de Surdos do Paraná. O evento também conta com a colaboração da Secretaria de Estado da Educação, do Departamento de Educação Especial, dos CAS e Núcleos Regionais de Educação de Guarapuava, Francisco Beltrão e Cascavel.

“Contemporaneidade” é o tema desta terceira edição da Mostra Arte Surda. Além de dar visibilidade à cultura surda, o evento tem como objetivo compartilhar conhecimentos e práticas na educação de surdos a partir do viés artístico. “Inicialmente, a Mostra de Arte Surda surgiu com o intuito de valorizar as produções artísticas dos alunos surdos da rede estadual de ensino do Paraná e também para que a comunidade em geral pudesse conhecer sobre a cultura, a identidade, a língua e as formas de expressão do sujeito surdo”, explica a coordenadora do CAS Guarapuava, Jiane Ribeiro Neves Cwick. “Com a pandemia, tivemos que reformular a proposta, que passou a ser realizada remotamente, focando em vertentes que tem se destacado entre os surdos para retratar o momento atual, principalmente, por meio das redes sociais”.

Segundo a chefe da Divisão de Promoção Cultural do Campus Irati, professora Eliziane Manosso Streiechen, a universidade e o CAS se preocuparam, enquanto organizadores, em garantir que a programação fosse inclusiva tanto para a comunidade surda, quanto para a de ouvintes.

“Todo o evento tem acessibilidade. As palestras foram realizadas por pessoas surdas, profissionais surdos, temos intérpretes fazendo a voz desses palestrantes. E se o palestrante for ouvinte, tem o intérprete fazendo a sinalização do que está sendo proferido na palestra. Nós, da comunidade universitária, temos a possibilidade de conhecer um pouco mais sobre a cultura surda, sobre os movimentos e sobre temáticas específicas que serão abordadas dentro das palestras”.

CARACTERÍSTICAS – No primeiro dia do evento, a professora, pesquisadora e atriz surda Rafaela Hoebel conduziu uma palestra sobre a contemporaneidade da arte surda. Comunicando-se em Libras (Língua Brasileira de Sinais), Rafaela destaca, na voz da intérprete Jiane Cwick, quais as principais características da arte surda contemporânea e como algumas questões pontuais, como a pandemia de covid-19, trouxeram mudanças para a visibilidade das produções artísticas desta comunidade.

“Por meio das diversas manifestações artísticas os surdos ganham mais visibilidade e reconhecimento como seres pensantes, criativos e com diversas habilidades”, acredita Rafaela. “A pandemia nos trouxe um ponto positivo, no sentido de a comunidade surda ganhar mais visibilidade pois, neste momento, as pessoas surdas estão mostrando muito mais a sua arte, suas ações criativas e seus mais diversos trabalhos pela internet. A Libras vem sendo evidenciada nas lives até mesmo de músicas. Penso que essa visibilidade ajuda muito a fortalecer a comunidade”.

A professora surda é também atriz no grupo Mapas (Mãos Azuis Projetos Artes Surdas), que reúne surdos e ouvintes em um projeto artístico com foco na arte surda sinalizada. Rafaela compartilhou algumas experiências inspiradoras que vivenciou participando dos espetáculos de teatro do Mapas. “Me recordo de um momento como atriz, um momento lindo. Foi quando eu percebi uma criança surda na plateia – os olhos dela brilharam ao me ver atuando. A identificação dessas crianças com adultos surdos que já tem uma trajetória de lutas e conquistas para contar é realmente motivador. A arte proporciona conhecer a nossa história, entender as nossas lutas e conquistas e possibilita manifestar nossas emoções, nossa criatividade, nossos pensamentos”.

 

Fonte: Agência Estado