Cotidiano

Quinze anos após o 11 de Setembro, uma nova Nova York

RIO – Aos pés do One World Trade Center, marco dos novos tempos de Lower Manhattan, duas crianças brincam no Liberty Park. Poderia ser mais um flagrante prosaico, mas é o retrato de uma nova Nova York, 15 anos depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Novos hotéis, restaurantes, centros comerciais, opções culturais e até colinas artificiais em Governors Island se juntam às muitas atrações para quem visita a cidade.

No sul de Manhattan, essa renovação é ainda mais forte, sobretudo na área onde ficavam as Torres Gêmeas. A 386 metros de altura, o observatório do One WTC, aberto em 2015, é um exemplo disso. Mas não o único.

Com bancos estilizados e jardins, o Liberty Park mostra a nova ocupação do espaço da região, antes dura como os corretores de Wall Street. A praça de quatro mil metros quadrados foi construída no teto do acesso à garagem do complexo World Trade Center e já é chamada de ?High Line de Downtown?, por estar sete metros acima do nível da rua e ter uma vista única para o Memorial Nacional 11 de Setembro. Nos próximos meses, ganhará também uma capela Ortodoxa Grega, no lugar da igreja de São Nicolau, destruída nos ataques.

Lower Manhattan renovada

O projeto do templo é do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o mesmo responsável pelo instigante e polêmico prédio Oculus, onde funciona o terminal de transportes World Trade Center. Passageiros das redes de trem e metrô já circulavam por lá desde março, mas só em agosto o shopping do local, da rede Westfield, abriu suas portas, com lojas de marcas como Apple, Forever 21, Sephora e John Varvatos. Um dos destaques é a Eataly NYC Downtown, nova unidade da rede de produtos gastronômicos italianos. Outro mercado gourmet, o Le District, com foco na culinária francesa, fica no centro comercial Brookfield Place, aberto em 2015 às margens do Rio Hudson.

Mais ao sul, o Battery Park ganhou duas novas atrações no último ano. Antigo posto de imigração, o Pier A Harbor House agora recebe comensais de um restaurante. Ao lado, o SeaGlass Carousel completou um ano mês passado girando crianças e adultos em 30 peixes translúcidos, numa ?viagem ao fundo do mar? de frente para a Estátua da Liberdade.

GOVERNORS ISLAND E SUAS COLINAS

INFOCHPDPICT000060974647O sul de Manhattan é também ponto de partida para explorar a Governors Island, pedaço de Nova York cercado pela Upper Bay por todos os lados. Da estação Battery Maritime Building ? ao lado daquela de onde partem os ferries gratuitos para Staten Island ? saem as barcas para a ilha que em julho ganhou novos contornos, com os quatro morros artificiais, de até 21 metros de altura.

A área, batizada como The Hills, se tornou um concorrido programa de verão entre nova-iorquinos e visitantes. Um bom lugar para caminhar, andar de bicicleta e ver o skyline de Manhattan e a Estátua da Liberdade de novos ângulos. Caminhos inclinados e trilhas de pedras cuidadosamente colocadas levam até o topo das colinas. Para descer, alguns pontos têm escorregas.

BV NY

The Hills fica no sul da ilha e faz parte de um plano de revitalização de Governors Island, que até 1996 era uma base militar e apenas em 2003 virou área pública. Em 2014 foi entregue a primeira fase do projeto, com um amplo gramado e um bosque. A próxima etapa, ainda sem data para conclusão, prevê a criação de uma área para piqueniques e mais um trecho do calçadão à beira-mar. Na parte norte, estão prédios históricos tombados pelo governo americano, como os fortes Jay e Castle Williams.

Criar colinas que não foram planejadas pela natureza é um dos esforços que Nova York faz para se reinventar.

? Mesmo para o visitante que já esteve em Nova York, cada viagem tem que ser como se fosse primeira, porque sempre encontra o lugar bastante transformado ? disse em junho Fred Dixon, CEO do NYC & Company, órgão de promoção turística da cidade, durante o IPW 2016, maior feira do mercado de viagens dos EUA, em Nova Orleans.

Quem não visitou Nova York este ano, por exemplo, ainda não encontrou no roteiro cultural o Met Breuer, nova anexo do Metropolitan Museum, dedicado à arte contemporânea. Aberto em abril no Upper East Side, ele funciona no antigo prédio do Whitney Museum of Art, que em 2015 se mudou para o outro lado de Manhattan, colado ao High Line.

Este ano também viu a implementação do projeto Link NYC, que oferece wi-fi gratuito nas ruas dos cinco distritos de Nova York. Na primeira fase, foram instalados 500 totens que servem também para conectar celulares e fazer ligações telefônicas, também de graça. A meta é, até 2024, substituir todas as 7.500 cabines telefônicas da cidade por esses totens.

NOVOS HOTÉIS CHEGAM À CIDADE

INFOCHPDPICT000061022552Entre a lista das novidades de Nova York para este ano está a inauguração (ou reabertura) de hotéis por toda a cidade. Muitos deles em Lower Manhattan, como é o caso do The Beekman, que abriu na semana passada seus 287 quartos e dois restaurantes (Fowler and Wells, um farm-to-table do chef Tom Colicchio, e a brasserie Augustine, do restaurateur Keith McNally), num prédio histórico de 1883.

Ainda para este mês, está prevista a inauguração do Four Seasons New York Downtown, com 189 quartos e suítes, a um quarteirão do complexo World Trade Center. Entre suas atrações, está o restaurante CUT by Wolfgand Puck, especializado em carnes.

Na região de Midtown, o Renaissance New York Midtown Hotel foi aberto em março, com 348 quartos e o gastropub Rock & Reilly?s, instalado em um dos maiores terraços de Nova York, com teto retrátil e vista para o Madison Square Garden. Previsto para ser inaugurado no fim do ano, às margens do Rio East, de frente para a famosa ponte do Brooklyn, a vista será o grande destaque do 1 Hotel Brooklyn Bridge.

O FUTURO: RODA-GIGANTE, EXPOSIÇÃO HIGH TECH E OUTLETS

Dos cinco distritos de Nova York, Staten Island deve ser o que mais mudará a partir do próximo ano. Para o fim de 2017, estão previstas as inaugurações de duas atrações de peso na ilha ao sul de Manhattan. Com 192 metros de altura, a New York Wheel será a mais alta roda-gigante do mundo e terá capacidade para levar até 1.440 pessoas por volta. Perto dela será aberto o Empire Outlets, shopping center com cerca de cem lojas e um espaço gastronômico.

View1 Looking at Manhattan.jpgAs duas atrações ficarão nos arredores da estação hidroviária de St. George, onde chegam as barcas gratuitas de Manhattan ? e que muitos turistas pegam hoje em dia apenas para ver a Estátua da Liberdade de forma mais econômica.

A Times Square também ganhará duas novas atrações no próximo ano. O National Geographic Times Square será uma área de exibições digitais que promete uma imersão total dos visitantes, por meio de telões de alta definição, projeções em 3D, sistema de som de última geração e monitores interativos. A primeira ?experiência? será no fundo do mar, com ?Ocean giants?. A outra atração, programada para a primavera, é o Gulliver?s Gate, com mais de 300 maquetes de prédios da cidade e do mundo, além de reprodução em miniatura de cenas cotidianas.

No próximo ano, Manhattan ganhará duas novas áreas de compras e gastronomias de frente, para os rios Hudson e East, com os projetos Super Pier at Pier 57 e South Street Seaport.