RIO – Responsável pela denúncia contra Fernando Cavendish e outros 22 alvos da Operação Saqueador, o procurador da República Leandro Mitidieri Figueiredo disse que os agentes públicos supostamente favorecidos com o esquema de lavagem da Delta serão alvo de outra investigação, desta vez conduzida pela recém-criada força-tarefa que investiga os desdobramentos da Lava-Jato no Rio de Janeiro. Ele disse que a tendência das quadrilhas é mudar o modo de disfarçar o pagamento de propinas e não descarta o envolvimento de agentes políticos.
O senhor acha que o modelo denunciado agora, pelo MPF, no caso da Delta, poder ter funcionado como pratica vigente com outras empreiteiras para o pagamento de propinas?
Esse modo de operar é o mesmo apurado pelo MPF em diversos outros casos de corrupção. O desvio de dinheiro público por parte de grandes empreiteiras, em várias grandes obras, com a utilização dos chamados operadores, especializados na lavagem de dinheiro, é um esquema, pode se dizer, já bem desvendado pelo MPF. No nosso combate à corrupção deveremos estar atentos para as futuras sofisticações do modus operandi.
Com o avanço das investigações, alavancadas pela operação de hoje, pode-se chegar aos nomes de quem sacou na boca do caixa? Podemos trabalhar com a hipótese de serem políticos?
Isso já é objeto das investigações da Força Tarefa Lava Jato Rio de Janeiro.
O senhor vê alguma conexão entre este esquema e o da Lava Jato?
É o mesmo modo de operar na corrupção de grandes empreiteiras e grandes obras até então.
Quais foram as maiores dificuldades da fase de investigações?
O ajuizamento da denúncia aguardava o momento perfeito, com os últimos elementos que corroboram exatamente o apurado na investigação, que foram trazidos pela colaboração premiada, cujo conteúdo permanece em sigilo na presente ação penal.
O MPF-RJ trabalha com a hipótese de ouvir delações premiadas?
Nunca se descarta esse a utilização do instituto da colaboração premiada, respeitados os direitos fundamentais dos colaboradores, réus e investigados