SÃO PAULO. O procurador-geral do Equador, Galo Chiriboga, disse que o Estado do país andino e a Odebrecht avançam na definição de um acordo. O objetivo, segundo Chiriboga, é esclarecer pagamentos de propina de US$ 33,5 milhões a funcionários públicos do país pela empresa brasileira, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.
Em entrevista à rede de TV Ecuavisa, Chiriboga disse que ?estamos avançando neste acordo, que esperamos que possamos fechar em breve para ter acesso, desta maneira, às informações que eles têm?.
Segundo o procurador-geral, ele pessoalmente participa, desde janeiro, de várias reuniões com representantes da empresa brasileira, à qual o Equador impôs condições sobre o acordo. Detalhes do que seriam os termos desse acordo não foram divulgados. O procurador também propôs que, caso a entrega de subornos no país seja confirmada, eles ?têm que ser devolvidos ao Estado equatoriano?, não informando por parte de quem.
? As condições (para o acordo) estabelecem que têm que nos dar os nomes, as contas, os contratos, a rastreabilidade deste dinheiro para nós perseguirmos estas infrações.
O Ministério Público do Equador investiga a revelação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos de que a Odebrecht pagou entre 2007 e 2016 o valor milionário a funcionários equatorianos, e encontrou problemas com a aprovação de projetos em 2007 e 2008.
O presidente Rafael Correa chegou a expulsar a Odebrecht do país em 2008 por irregularidades na construção de uma hidroelétrica. Após um acordo, a Odebrecht retornou em 2010 à nação andina.
Chiriboga afirmou que ?estamos analisando mais de 30 contratos? da empresa no país desde 2007.
Procurada, a Odebrecht ainda não se manifestou sobre essas declarações do procurador-geral.
MPF NEGOU PEDIDO DE DEPUTADO
No inicio desta semana, o Ministério Público Federal do Brasil negou pedido feito por um deputado da Assembleía Nacional do Equador por mais informações relacionadas ao país. O deputado queria, por exemplo, detalhes da delação de Roberto Trombeta, contador do caixa-2 da OAS, em que ele relata a movimentação de dinheiro ilegal da empreiteira no Equador e no Peru.
Segundo o MPF, o ?meio adequado para a efetuação de tais pedidos corresponde à via da cooperação jurídica internacional, na forma de auxílio direito?, por meio dos ministérios da Justiça dos dois países.
A justiça equatoriana bloqueou pagamentos no valor de US$ 40 milhões à Odebrecht para garantir uma possível indenização ao Estado, e proibiu temporariamente o Estado de assinar mais contratos com a empresa brasileira, cujos escritórios no país foram vasculhados.
As autoridades ainda não envolveram ninguém no suposto caso de corrupção da Odebrecht, que explodiu em meio à eleição presidencial para designar o sucessor do socialista Correa, no poder desde 2007.
O ex-vice-presidente governista Lenín Moreno e o opositor de direita Guillermo Lasso disputarão o segundo turno em 2 de abril.