BRASÍLIA ? O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou o depoimento do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, no inquérito sobre corrupção em contratos da usina nuclear Angra 3. A investigação apura o envolvimento dos senadores peemedebistas Romero Jucá (AP); Edison Lobão (MA), ex-ministro de Minas e Energia; e Renan Calheiros (AL), que é presidente do Senado. Também são alvos da apuração o ministro do TCU Raimundo Carreiro e o filho de Aroldo, o advogado Tiago Cedraz.
A diligência de Aroldo Cedraz, que não é formalmente investigado, foi solicitada pela Polícia Federal e contou com parecer favorável do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A pedido da PF, Teori prorrogou a investigação por 60 dias para que novas medidas ? entre elas o depoimento do presidente do TCU ? sejam tomadas. Os investigadores vão ouvir também Othon Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear, e André Serwy, citado como um dos operadores do PMDB no esquema de corrupção, além de analisar os extratos de viagens de Tiago Cedraz e Raimundo Carreiro.
A partir da delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa, Tiago Cedraz foi apontado como destinatário de propinas mensais para interferir em julgamento de interesse da empreiteira no TCU. O advogado faria chegar um repasse de R$ 1 milhão a Carreiro, à época relator de um processo sobre a licitação das obras da usina de Angra 3 que poderia prejudicar a empresa.
Lobão, Jucá e Renan também foram implicados pelo depoimento de Pessoa. Os políticos teriam exigido valores, em troca de contratos com o governo, entre R$ 1,5 milhão e R$ 3 milhões para financiar campanhas eleitorais do PMDB. Os envolvidos negam participação nos crimes investigados pela Lava-Jato.