Cotidiano

Presidente do Deutsche diz que multa não é razão para queda de ações

300708586_1-8.jpgRIO – O presidente-executivo do Deutsche Bank, John Cryan, procurou nesta sexta-feira tranquilizar funcionários da instituição depois que as ações do maior banco da Alemanha atingiram mínima histórica diante de renovadas preocupações sobre a estabilidade da instituição. Ele reafirmou que o Deutsche Bank é sólido e tem mais de 20 milhões de clientes. A origem das tensões é a multa de US$ 14 bilhões aplicada pela Justiça americana à maior instituição financeira da Alemanha, punição referente a um processo sobre ativos lastreados em hipotecas ? a mesma engenharia financeira que levou à crise de 2008. Deutsche

O dirigente do banco, contudo, afirmou que a incerteza sobre os desdobramentos do caso não é razão para a ação do Deutsche Bank estar sob pressão, considerando os acordos acertados por rivais do banco por valores menores.

“Há forças agindo agora no mercado que querem enfraquecer a confiança em nós”, disse Cryan em comunicado interno enviado aos funcionários do Deutsche Bank e obtido pela Reuters. “Nosso trabalho é assegurar que esta percepção distorcida não terá influência mais forte sobre nosso dia-a-dia.”

Bilhões de dólares estão saindo ou para sair dos cofres do Deutsche Bank, com grandes e influentes fundos e bancos de investimento desmontando operações e realizando saques. As cifras, ainda não quantificadas, estavam alocadas na área de corretagem do banco e representam uma pequena fatia dos mais de US$ 600 bilhões depositados na instituição. Ainda assim, a movimentação sinaliza o nervosismo inspirado pelas dúvidas sobre a saúde financeira do maior banco da Alemanha. E alimenta um ciclo vicioso que sangra a instituição financeira, derruba o preço de suas ações e, com elas, arrasta os papéis de outros bancos.

As instituições que estão retirando recursos do Deutsche Bank são AQR Capital Management LLC, Capula Investment Management LLP, Citadel LLC, Luxor Capital Group LP, Magnetar Capital LLC e Millennium Management LLC, entre outras. Devido aos saques, as ações do banco alemão chegaram a cair mais de 9% em Frankfurt e ficaram abaixo de ? 10 pela primeira vez em 33 anos.

Uma ajuda estatal à instituição chegou a ser cogitada, mas negada pelo governo da chanceler Angela Merkel e pelo próprio banco. Cryan disse que levantar capital ?atualmente não é problema? e que aceitar o apoio do governo está ?fora de cogitação para nós?.

Mas isso não debelou as expectativas de resgate. Andreas Utermann, diretor de investimento da Allianz Global Investors, por exemplo, acredita que o governo alemão terá que contribuir se o Deutsche Bank ?estiver realmente com problemas?.