Rondon Ir ao supermercado tem sido uma tarefa difícil aos brasileiros. Desde o ano passado, quando a recessão econômica deu seus primeiros sinais, comprar produtos básicos à alimentação virou sinônimo de dor de cabeça. Não bastasse o quilo do feijão, especialmente o carioca, atingir a casa dos R$ 10, agora é a vez do litro do leite ficar ainda mais caro.
Conforme o médico veterinário do Deral (Departamento de Economia Rural), da Seab (Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento), Fabio Mezzadri, o atual cenário do leite é de queda na captação do produto em relação ao ano anterior, reduzindo 7,65% de janeiro a abril deste ano somente no Paraná. Essa diminuição, no entanto, tem melhorado a remuneração dos produtores por conta da restrição na oferta. Hoje, os pecuaristas recebem R$ 1,15 por litro, enquanto em maio do ano passado o produto era comercializado a R$ 0,89, um acréscimo de 29%. Geralmente, nessa época do ano os valores pagos pelo litro do leite costumam subir, já que é comum diminuir a captação no inverno. Porém, este ano há fatores conjunturais que também contribuíram, como a valorização do dólar e consequente encarecimento dos insumos, a alta no preço da saca de milho, principal componente para a formulação de ração, base da alimentação do gado leiteiro e a perda da pastagem por conta das geadas que atingiram praticamente todas as regiões do Estado, explica. Segundo Mezzadri, o custo mais elevado pago pelos atravessadores ao produtor exige que o varejo aplique esta variação ao consumidor final, que não deve escapar de mais um reajuste.
É o que afirma também o gerente de uma rede de supermercados em Cascavel, Carlos Benedito. Ele garante que será impossível não repassar o reajuste de até 10% às gôndolas e alerta que é a hora do consumidor preparar o bolso. É um produto que oscila muito e será impossível não repassar ao consumidor mais este aumento, relata.
Os produtos derivados do leite também devem subir. Mezzadri aponta pelo menos oito itens que desde maio passam por reajustes. É o caso do queijo, que sofreu reajuste de 22%, e da manteiga, que teve seu preço ajustado em 12,9%.
Custos
Além do impacto no bolso do consumidor, o que também subiu foi o custo de produção do pecuarista. De acordo com o Deral, alguns produtores paranaenses já registraram aumento de 50% na atividade. Isso provoca o abandono da profissão, e muitos migram para o plantio de grãos, um produto que está bem valorizado e os custos são menores, diz Mezzadri. Infelizmente, é uma conta que no final é paga pelo consumidor.
Produtos Maio 2015 Maio 2016 Variação (%)
Leite longa vida (l) 2,12 2,73 28,7%
Queijo parmezão (kg) 51,08 62,56 22,4%
Queijo muzzarella (kg) 21,64 26,06 20,4%
Pasteurizado (l) 1,93 2,28 18,1%
Manteiga (200g) 4,33 4,89 12,9%
Fonte: Seab/Deral PR
Produção
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o Paraná está em terceiro lugar no ranking de produção de leite, chegando a 4,5 bilhões de litros ao ano, atrás apenas de Minas Gerais, o maior produtor do Brasil, com 9,3 bilhões de litros todos os anos, e Rio Grande do Sul, que produz anualmente 4,6 milhões de litros.
No entanto, em termos municipais, o Paraná lidera. A cidade de Castro, localizada na região dos Campos Gerais, é o maior produtor de leite de todo o País, conforme dados do VBP (Valor Bruto da Produção) de 2014 o mais recente da série -, divulgados pelo IBGE. Por ano, a produção é de 239 mil litros. O ranking é composto ainda por outros quatro municípios paranaenses, três deles do Oeste: Carambeí, com 130 mil litros/ano, que ocupa a 5ª colocação; Marechal Cândido Rondon (112.857 mil litros/ano) na 9ª posição; Cascavel (98.962 mil litros/ano) em 14º lugar, e Toledo (98.803 mil litros/ano), na 15ª colocação. Em todo o Estado, segundo o médico veterinário do Deral, Fabio Mazzadri, são 2,87 milhões de cabeças de gado leiteiro entre os 114 mil produtores. A região Oeste é a maior produtora de leite do Paraná, com produção de 1.091.137 litros por ano.