CARACAS ? No dia em que é esperada uma grande marcha da oposição venezuelana em Caracas, autoridades fecham os acessos à capital que seriam utilizados pelos manifestantes. Grupos que tentam chegar às mobilizações convocadas pela coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD) foram impedidos de seguir viagem pela polícia, segundo líderes opositores. Quatro estações de metrô da cidade também foram fechadas nesta quinta-feira, sob a justificativa de que a medida tenta resguardar a segurança dos usuários do transporte público.
O dirigente da MUD Juan Pablo Guanipa escreveu em seu Twitter que policiais tentaram impedir a passagem de manifestantes a caminho de Caracas e lançaram gás lacrimogênio contra o grupo. O objetivo do protesto é pressionar o poder eleitoral a agilizar a convocação de um referenfo revogatório que poderia encurtar o mandato do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
?Quem acredita que isto nos detém se equivoca. Chegaremos a Caracas caminhando se necessário. Hoje marchamos pela Venezuela?, disse Guanipa na rede social.
Já o governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, condenou o bloqueio do trânsito de pessoas que pretendem participar da Ocupação de Caracas ? como foi designada a marcha desta quinta-feira pela oposição. Ele afirmou que pelo menos 33 grupos vindos de diversas cidades foram impedidos de cruzar o túnel de La Cabrera.
Nas redes sociais, internautas relatam que o trânsito está lento na região, enquanto a oposição publicou imagens dos bloqueios no sentido a Caracas. O jornal ?El Nacional? relata que estudantes da Universidade de Carabobo decidiram abandonar os veículos que os transportavam para atravessar o túnel a pé. caracasfechada
Dentro de Caracas, pelo menos quatro estações de metrô foram fechadas à população. Segundo a empresa pública responsável pelo serviço, a medida busca resguardar os usuários, embora nos últimos dias houvesse afirmado que o transporte seria mantido normalmente. No entanto, a oposição já publica as primeiras imagens da concentração para a marcha.
Ex-presidente da Assembleia Nacional e número 2 do regime chavista, Diosdado Cabello, advertiu na quarta-feira que Caracas seria trancada no dia da manifestação. Ele justificou a medida com os graves episódios de violência que deixaram 43 mortos durante protestos contra o governo em 2014.
? Não nos provoquem. Nós só vamos trancar Caracas parta que ninguém entre e ninguém saia ? afirmou.
Nesta semana, Maduro alertou que opositores seriam presos caso houvesse violência na marcha em Caracas. Em 2014, o líder opositor Leopoldo López foi preso sob acusações de ter incitado os protestos que resultaram em dezenas de mortes. Posteriormente, foi condenado a 14 anos de prisão e permanece no cárcere.