A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) mais prazo para concluir o inquérito que apura se o presidente Michel Temer cometeu crime de obstrução à justiça, corrupção passiva e participação em organização criminosa. No dia 30, o relator da Lava-Jato no STF, ministro Edson Fachin, tinha dado dez dias para o encerramento das investigações. Se for concedido mais tempo aos policiais, ainda assim a Procuradoria-Geral da República pode apresentar denúncia contra o presidente na próxima semana, como é esperado.
O prazo extra poderá ser usado para a PF concluir a perícia no áudio da conversa que o dono da JBS, Joesley Batista, gravou com o presidente. Em 22 de maio, a polícia informou ao STF que precisava de até 30 dias para concluir a análise. A perícia ainda não foi concluída. No caso dos áudios do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que é investigado no mesmo inquérito, o prazo inicial era de até 60 dias.
Fachin deu prazo curto para o encerramento do inquérito porque uma das investigadas está presa. “De fato, com a decretação da prisão preventiva, no contexto dessa investigação, de Roberta Funaro Yoshimoto, tem-se coma certo o prazo para conclusão das investigações, como previsto na primeira parte do art. 10 do Código de Processo Penal, a saber, 10 (dez) dias”, escreveu o ministro no mês passado, referindo-se à irmã do operador Lúcio Funaro.
No mesmo dia, Fachin também determinou que a PF colhesse, por escrito, o depoimento de Temer. Os investigadores enviaram 82 perguntas à defesa do presidente. Os advogados pediram prazo até sexta-feira para responder. Na última hora, enviaram documento ao STF informando que o presidente não responderia às questões. Consideraram que Temer era “objeto de uma inquirição invasiva, arrogante, desprovida de respeito e do mínimo de civilidade”.
O depoimento de Rocha Loures também não representou avanço nas investigações, porque o ex-deputado ficou calado diante das perguntas formuladas pela PF.