SÃO PAULO ? A Polícia Militar de São Paulo dispersou com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha um protesto feito por estudantes da Universidade de São Paulo (USP) em frente à reitoria da universidade. O ato convocado pelos alunos criticava o pacote de corte de gastos que o reitor Marco Antônio Zago planeja aprovar em reunião do Conselho Universitário.
Durante a ação da PM, três estudantes foram detidos. Dois dos estudantes detidos são da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e outro é do curso de Ciências Sociais. Os três foram encaminhados para o 93º DP e são acompanhados pelo advogado do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Luiz Eduardo Greenhalgh, de acordo com informações do Centro Acadêmico Lupe Cotrim (Calc), que representa os alunos da ECA.
Um dos estudantes foi detido enquanto filmava a ação policial. Após chegar à delegacia, segundo integrantes do Calc, os policiares decidiram considerá-lo apenas como testemunha.
Uma funcionária do Sintusp, Diana Assunção, também está presente no 93º DP para prestar queixa por agressão. Durante a ação da Polícia, ela sofreu ferimentos na cabeça. Ela foi levada ao Hospital Universitário da USP. Outros dois estudantes permanecem no hospital e serão levados à delegacia após serem liberados pelos médicos.
? Quando fui ajudar um colega agredido, tomei um golpe de cassetete na cabeça. Além de mim, foram vários feridos e presos simplesmente por lutar em defesa da educação ? afirmou Diana em uma publicação nas redes sociais.
Durante o protesto, estavam presentes parlamentares como os deputados estaduais Carlos Giannazi (PSOL), João Paulo Rillo (PT) e a vereadora Juliana Cardoso (PT).
? O ato estava extremamente pacífico. Estava tentando se impedir que o Conselho Universitário se reunisse para votar uma pauta que pode demitir 5 mil funcionários. A PM foi para lá para garantir que os membros do Conselho entrassem. A ação da Polícia de jogar bomba de efeito moral foi sem justificativa ? disse Mayara Paixão, integrante do Calc.
O clima entre alunos, funcionários e a Reitoria da USP ficou conturbado após a construção de uma grade ao redor da reitoria, incluindo uma área de convivência conhecida pelos estudantes como ?Prainha?. A reitoria passou a controlar o acesso de estudantes no local e, por determinação do Ministério Público, tenta mover a sede do Sintusp da área. Apesar do corte de gastos, a Reitoria investiu R$ 631 mil na obra.
De acordo com a Reitoria, a decisão foi feita para resolver questão de segurança do espaço entre os acessos dos prédios da Reitoria e o da ECA. A gestão da Universidade afirma que ocorrem no local exploração comercial e ilegal de vendas. Em dezembro de 2015, o médico Benício Orlando Saraiva Filho, foi agredido no local.
*Estagiário, sob supervisão de Flávio Freire