BRASÍLIA – Embora o discurso oficial das autoridades em Brasília seja de que a discussão do conteúdo local definida nesta terça-feira não tenha vencedores e vencidos, forma e conteúdo revelam que a posição do Ministério de Minas e Energia ? mais ligada às petroleiras por natureza de ofício ? prevaleceu sobre os pontos defendidos pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) ? obviamente mais ligado ao setor que fornece para as operadoras de petróleo.
Apesar de a discussão dentro e fora do governo tenha sido tocada desde o ano passado em um grupo criado pelo MDIC, foi com o protagonismo do MME que o racha existente entre as áreas até o fim de novembro encontrou ?consensos?, palavra usadas pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, no discurso que selou a decisão no Palácio do Planalto nesta terça-feira. Este, aliás, o único ministro presente no anúncio e o primeiro a divulgar nota oficial sobre o tema.
A prevalência do segmento das petroleiras ante os fornecedores na decisão final também é nítida pelo teor das notas divulgadas pelas suas entidades representativas. Enquanto a entidade que representa as operadoras de petróleo foi elogiosa à decisão ? ainda que com batalhas perdidas na disputa ? a posição de representantes da indústria permaneceu dura, como vinha se tornando nas últimas semanas.
A decisão tomada hoje na Casa Civil sequer teve um documento formal do grupo de trabalho criado no MDIC ? ainda no governo Dilma Rousseff ? para deliberar sobre o tema, e que contou com atuação constante dos setores afetados.
Segundo uma fonte do governo, a necessidade de fatores positivos, como o sucesso de leilões de campos de petróleo neste ano, sobrepôs-se à grita de setores da indústria e de sindicatos sobre contratos e empregos gerados daqui a cinco anos, quando os campos leiloados este ano começarem investir para valer.