BRASÍLIA – A avaliação de peemedebistas é a de que o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) acertou na estratégia de ficar em silêncio e de responder só em juízo. Segundo um integrante da cúpula do PMDB, com a divulgação da lista da Procuradoria-Geral da República, o caso de Padilha ?se perderá? entre dezenas de outros. Assim como a cúpula peemedebista, o ministro teve sua decisão respaldada pelo presidente Michel Temer.
Os correligionários avaliam que uma saída de Padilha neste momento seria desastrosa para o governo e, especialmente, para o presidente, por ser seu amigo mais próximo e não haver um substituto que garanta a interlocução política tanto no Executivo quanto no Congresso.
O ministro retomou sua agenda normal de trabalho, com foco em reuniões sobre a Reforma da Previdência., mas também atendendo a congressistas que lotam sua agenda. Uma opção que está em discussão é reduzir os afazeres de Padilha para que se concentre nas discussões previdenciárias, deixando o “varejo” – destinação de emendas e cargos, por exemplo – com o novo ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy e até para o próprio presidente, que gosta de receber políticos em seu gabinete.
Alvo de denúncias da Lava-Jato, Padilha voltou na última segunda-feira de um período de 17 dias de licença médica e se negou a responder às acusações de que recebeu e intermediou recursos da Odebrecht para campanhas do PMDB, inclusive em dinheiro vivo.
O ministro foi citado por três delatores da Odebrecht sobre o repasse de R$ 10 milhões para o PMDB, em 2014. Um deles, o ex-diretor José de Carvalho Filho, afirmou que Padilha tratou diretamente sobre o pagamento de R$ 4 milhões ao PMDB, a ser efetuado em parcelas e em endereços indicados pelo ministro.
O advogado José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, declarou ter recebido das mãos do doleiro Lúcio Bolonha Funaro um ?pacote? destinado a Padilha. O pedido para que ele recebesse o material, durante as eleições de 2014, teria sido feito diretamente pelo ministro da Casa Civil. Recentemente, o depoimento veio a público, e Yunes disse em entrevistas que foi usado como ?mula? por Padilha.
A denúncia de Yunes foi feita há cerca de 20 dias, na mesma semana em que o ministro passou mal e licenciou-se do cargo. Desde então, Padilha e o Planalto não deram explicações sobre o caso ou citações a outros ministros em delações. Na última sexta-feira, a situação se complicou, quando José de Carvalho Filho disse, em depoimento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negociou diretamente com Padilha os repasses de R$ 4 milhões para o PMDB.