RIO – Os dados da atividade de serviços em junho, divulgados nesta quinta pelo IBGE, mostram que, apesar da predominância dos resultados negativos, o setor já não desacelera com tanta força. A diminuição da intensidade do recuo fica evidente nas comparações interanuais. Em junho, o setor caiu 3,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Apesar de ser o pior resultado para o mês desde o início da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), em 2012, a queda é menor do que as observadas em maio e abril nessa mesma comparação, quando os tombos ficaram em -6,1% e -4,8%, respectivamente. Na comparação com o mês anterior, a queda registrada em junho foi de apenas 0,5%.
Essa mesma desaceleração pode ser observada na comparação interanual entre os trimestres. No trimestre encerrado em junho, a queda em relação ao mesmo período do ano passado foi de 4,7%. Já no primeiro trimestre do ano, o recuo em relação ao primeiro tri de 2015 ficou em 5%, enquanto que no último trimestre de 2015 o setor encolheu ainda mais, 5,7% em relação ao último trimestre de 2014.
Para o coordenador da pesquisa do IBGE, Roberto Saldanha, o volume de serviços já não encolhe tanto porque o comércio e a indústria também já não caem com tanta força:
? O setor de serviços depende dessas duas atividades. Todo resultado negativo é ruim, mas já percebemos que os índices são menos ruins do que nos meses anteriores.
As quedas no volume dos três serviços de maior peso na composição do índice geral (serviços de informação, serviços profissionais e de transporte) também desaceleraram em junho.
Silvio Sales, economista da Superintendência Adjunta de Ciclos Econômicos do Ibre/FGV, diz que os números mostram que essa desaceleração é uma tendência, apesar de ainda não enxergar sinais de melhora nos serviços:
? Os dados são majoritariamente negativos e não há sinal de que se chegou ao fundo do poço e vai haver uma retomada. Mas o índice de confiança de serviços já está melhorando, não só por conta de melhores expectativas, mas também apoiado na realidade presente. A tendência é que essas taxas continuem negativas, mas com menos força.
Apesar da queda menos intensa, a atividade caminha para registrar em 2016 o segundo recuo anual consecutivo, que deve ser ainda maior do que o ocorrido em 2015, quando encolheu 3,6%, após alta de 2,5% em 2014.
No acumulado do ano até junho, os serviços já recuaram 4,9%, o mesmo resultado verificado em 12 meses até junho. Segundo Saldanha, os dois números demonstram estar estabilizados nesse patamar:
? Temos de observar os próximos meses para verificar se essa curva será revertida. Isso vai depender da melhoria dos níveis de emprego, do poder aquisitivo da população, dos níveis de produção da indústria e de vendas do comércio e da retomada de contratações de serviços pelos governos, que foram paralisadas com os cortes de orçamentos.
Após a divulgação dos resultados de junho pelo IBGE, a Confederação Nacional do Comércio, Serviços e Turismo (CNC), amenizou a projeção de queda do setor, de -4,9% para -4,1% este ano.
? Não dá tempo de salvar 2016. Mas essa desaceleração, aliada a uma tendência de menor inflação dos serviços, que em junho ficou em 4%, a menor taxa desde março do ano passado, nos levou a acreditar que a queda será um pouco menos acentuada ? explica Fabio Bentes, economista da CNC.