Cotidiano

Países mais pobres acolhem maior parte dos refugiados em 2016

GENEBRA ? Países de renda média ou baixa abrigam a maior parte dos 3,2 milhões de refugiados que deixaram seus países no primeiro semestre de 2016, como aponta o novo relatório do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur). Segundo o documento, mais da metade das pessoas deslocadas por conflitos durante o período foi vítima da guerra na Síria ? a maioria deslocada para países próximos como Jordânia, Líbano e Egito. De todos os países, a Turquia foi o que acolheu o maior número de refugiados, num total de 2,8 milhões de migrantes. A Alemanha foi o único europeu na lista das dez nações mais acolhedoras do mundo. Ela fica em nono, atrás de Turquia, Líbano, Irã, Etiópia, Jordânia, Quênia e Uganda, e a frente de Chade, no Centro-Norte africano. refugiados

Ainda que o número de deslocados na primeira metade de 2016 seja menor que os 5 milhões registrados no primeiro semestre de 2015, o alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, alertou que é preciso ver além das cifras para resolver a situação.

? A crise que enfrentamos hoje não é apenas de números, mas de cooperação e solidariedade. Principalmente porque a maior parte dos refugiados permanece em países vizinhos aos seus, devastados pela guerra ? explica Grandi.

O relatório do Acnur compara o número de refugiados ao tamanho da população ou da economia dos países de acolhida, uma forma de mensurar a contribuição que tem sido dada por cada nação. Segundo o levantamento, o Líbano e a Jordânia abrigam o maior número de refugiados em relação ao tamanho de suas populações, enquanto a maior pressão em termos econômicos está sob o Chade e o Sudão do Sul, que não está na lista dos que mais acolhem. Levando em conta esta variante, oito dos dez países que acolhem o maior número de refugiados estão na África, enquanto os outros dois estão no Oriente Médio. Entre esses dez países, o Líbano e a Jordânia encaixam-se entre os ?dez mais? de todas as categorias ? números absolutos, contribuição econômica e comparação entre refugiados e população nacional.

Info – Paises Refugiados

Nem todos os refugiados cruzam fronteiras internacionais em busca de asilo. Segundo o relatório, 1,7 milhão de pessoas se deslocaram dentro de seus próprios países ? número um pouco maior do que em relação aqueles que pediram abrigo a outras nações: 1,5 milhão.

O relatório do Acnur aponta ainda um aumento nos pedidos de reassentamento, dentro ou fora dos países de origem. No primeiro semestre de 2016, mais de 81,1 mil pessoas foram submetidas a programas deste tipo em 34 nações ? número que ultrapassou a marca de 160 mil ao final do ano passado, o maior dos últimos 20 anos.

Além da Síria, o Sudão do Sul também chama atenção pelo crescente número de pessoas deixando o país por conta da guerra civil. A migração afeta países vizinhos, que acolhem os deslocados, como Sudão, Uganda, Quênia e Congo. Na metade de 2016, havia 854,2 mil refugiados do Sudão do Sul ? um número oito vezes maior que há três anos.