RIO – Na véspera da eleição presidencial americana, o padre católico Frank Pavone levou um feto abortado para o altar e postou o ato em um vídeo ao vivo no Facebook. Segundo Pavone, que lidera o grupo de padres baseado em Nova York Priests for Life, o corpo do bebê foi entregue a ele por um patologista. O vídeo já tem mais de 445 mil visualizações.
Além do corpo, o padre levou ao altar também fotos explícitas de procedimentos de aborto. ?Temos que decidir se vamos permitir que essa matança a crianças continue nos Estados Unidos ou não. Hillary Clinton e a plataforma democrata dizem que sim, deixe a matança a crianças continuar (e você paga por isso); Donald Trump e os republicanos dizem que não, a criança precisa ser protegida?, escreveu Pavone no Facebook.
A Diocese de Amarillo, no Texas, à qual o padre é vinculado, publicou uma declaração afirmando que abriu uma investigação sobre o caso, classificado como um ato ?contra a dignidade da vida humana e uma profanação do altar?. Diz ainda a declaração: ?A Diocese de Amarillo lamenta profundamente a ofensa e o ultraje causado pelo vídeo às pessoas de fé e à comunidade como um todo. A ação e a representação do padre Pavone neste vídeo não é consistente com as crenças da Igreja Católica?. A Diocese ressaltou ainda que a organização Priests for Life tem caráter civil, e não católico.
Ao ?Washington Post?, o padre afirmou que seu ato não gerou ?a menor controvérsia? e que seus seguidores no Facebook fizeram comentários impressionantemente positivos.
? O funeral do bebê já aconteceu, na capela estávamos só eu e o bebê. A família não estava presente, porque eles rejeitaram a criança e a mataram ? afirmou Pavone ao ?Washington Post?.
Escritor e católico, Scott Eric Alt destacou no blog ?Patheos? que o ato de Pavone foi uma violação à lei católica, que restringe o altar ?à adoração a Deus somente, com a exclusão do uso secular?.
A questão do aborto mostrou clara divisão sobre o tema entre Hillary Clinton e Trump: enquanto a democrata defendeu o procedimento seguro e legalizado, Trump chegou a dizer que as mulheres deveriam ser punidas por isso. Grupos católicos fizeram campanha por Trump colocando, por exemplo, panfletos apontando o voto em Hillary como um ?pecado mortal? em boletins paroquiais.
Pavone já coleciona alguns episódios de tensão dentro da própria Igreja: em 2014, o cardeal Timothy Dolan cortou laços com o padre após ele ter se demonstrado evasivo quanto a custos financeiros da reforma de sua organização em Staten Island.