Cotidiano

Opep mantém produção sem adotar teto, nem cotas por país

VIENA – A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) se absteve de fixar um teto para produção e cotas por país na reunião semestral celebrada nesta quinta-feira em Viena, ao estimar que o nível atual é “razoável” e que a oferta e a demanda estão convergindo. Em sua reunião semestral em Viena, o cartel rejeitou a proposta iraniana de voltar ao sistema de cotas por país, e a iniciativa venezuelana de estabelecer um limite de produção para cada membro, formulada por seu ministro, Eulogio Del Pino.

O grupo de 13 países, que responde por um terço do petróleo mundial, escolheu como novo secretário-geral o nigeriano Mohammed Barkindo, que em 1º de agosto sucederá o líbio Abdallah El Badri, e aceitou o Gabão como seu 14º país-membro a partir de 1º de julho.

O comunicado final do cartel não menciona teto e, segundo El Badri, o número atual de barris produzidos é razoável para o mercado.

— O mercado está aceitando — afirmou. — Continuaremos mantendo consultas (…) o mercado está caminhando na direção certa — comentou com jornalistas o saudita Jaled al Faleh, que participou pela primeira vez como ministro no encontro da Opep, após sua nomeação no mês passado.

A organização, que extraiu 32,3 milhões de barris diários (mbd) no primeiro trimestre do ano, cumpriu com os prognósticos do setor, que não esperava um corte nem um congelamento da produção após a forte alta dos últimos meses, de mais de 80%.

EXPECTATIVA DE ALTA NA DEMANDA

Pressionados por um excedente da oferta e uma demanda fraca, os preços chegaram a cair para US$ 27 em janeiro e fevereiro deste ano. Desde então, subiram mais de 80%, até aproximadamente US$ 50 o barril, à medida que a demanda mundial melhorou e que a produção de países não membros da Opep caiu.

Segundo o comunicado final, esse aumento dos preços, somado ao fato de que “a oferta e a demanda estão convergindo”, aponta para “o mercado em processo de reequilíbrio”.

“A oferta de países não membros da Opep (…) chegou ao seu teto em 2015 e começou a declinar, e se espera que em 2016 sua produção caia em 740.000 barris diários”, afirmou o comunicado final. “Espera-se que a demanda mundial aumente em 1,2 mbd (em 2016), depois de aumentar em 1,5 mbd em 2015. Este aumento da demanda continua sendo relativamente saudável, considerando-se os desafios econômicos recentes”, diz a nota.

Desde o final de 2014, o governo da Arábia Saudita tem conduzido uma política baseada na produção sem teto e sem cota, a fim de expulsar produtores de petróleo não convencionais (xisto, areias betuminosas, águas ultraprofundas) do mercado, por terem uma produção mais cara.

SEM SINAIS AUMENTO NA PRODUÇÃO

Os ministros do Irã e dos Emirados Árabes deixaram claro que os membros do cartel não têm a intenção de aumentar a produção.

— Não pretendemos aumentar nossa produção. A intenção da Opep é acompanhar de perto a situação e atuar com responsabilidade — afirmou Suhail al Mazruei, do Emirados Árabes.

— Não recebi sinais de nenhum país que queira aumentar sua produção. Me parece que todos os países são bastante conservadores em relação à estabilização do mercado — explicou o ministro iraniano, Bijan Namdar Zanganeh.

O Irã é uma exceção, já que tem a intenção declarada de recuperar o nível de produção anterior às sanções impostas durante uma década por causa de seu programa nuclear.

A próxima reunião ordinária será no dia 30 de novembro em Viena.

— Não há qualquer urgência para que o cartel atue — observou Christopher Dembik, analista do Saxobank. — Não pode se falar em decepção, já que os investidores tinham poucas expectativas. Era evidente que a reunião da Opep não resultaria em qualquer decisão concreta, e menos ainda em um acordo sobre um teto de produção — acrescentou.