BUDAPESTE ? A ONU criticou nesta terça-feira a decisão da Hungria de deter todos os solicitantes de asilo até que seus pedidos sejam analisados, afirmando que a medida viola a legislação da União Europeia (UE) e terá um ?terrível impacto físico e psicológico? sobre os migrantes afetados. Hungria
De acordo com o projeto de lei aprovado no Parlamento nesta terça-feira, os migrantes cujas candidaturas não forem imediatamente aprovadas ficarão retidos em campos e não poderão circular livremente pelo país.
Em outra frente, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, ordenou o reforço de cercas nas fronteiras do Sul para impedir a entrada de refugiados. Defensor do presidente americano, Donald Trump, o premier disse que os migrantes, muitos dos quais são muçulmanos, são uma ameaça à identidade e à cultura cristã da Europa.
A porta-voz da agência de refugiados da ONU ? Acnur ?, Cécile Pouilly, alertou que a proposta submeteria os requerentes de asilo, incluindo crianças, à detenção prolongada em contêineres cercados por arame farpado.
Pouilly acrescentou que o número de pedidos de asilo na Hungria caiu drasticamente de 177 mil, em 2015, para 29 mil, no ano passado, com apenas 912 nos primeiros dois meses de 2017.
Todos os requerentes de asilo, incluindo aqueles que já estão no país, seriam mantidos em uma zona de trânsito onde os centros de detenção estão localizados, disse ela.
?Na prática, isso significa que todo solicitante de asilo, incluindo crianças, será detido em contêineres fechados por uma cerca de arame farpado na fronteira por longos períodos de tempo?, disse Pouilly em um comunicado. ?Esta nova lei viola as obrigações da Hungria com as leis internacionais e da UE, e terá um terrível impacto físico e psicológico sobre as mulheres, crianças e homens que já sofreram muito?.
A Hungria tem tido um papel crucial na crise migratória na Europa e foi muito criticada após a construção de um muro na fronteira para conter a passagem de migrantes.
Centenas de milhares de pessoas tentaram entrar no país em 2015, desatando cenas frequentes de caos na fronteira com a Sérvia e em um terminal ferroviário de Budapeste. Naquele ano, o Parlamento aprovou uma nova legislação que impôs penas de prisão àqueles que tentam atravessar a fronteira ilegalmente.