Cascavel – Crescer com saúde e habituado a praticar atividades físicas constantemente. É justamente esse o perfil perseguido pelo Programa Paraná Saudável, criado no Estado com a proposta de imprimir um novo comportamento e consciência dos jovens em idade escolar. Levantamento recente com base em uma pesquisa realizada entre os anos de 2011 e 2017 mostra um crescimento nos últimos anos em relação aos índices da presença da obesidade infantil provocada pelo sedentarismo e pelos maus costumes alimentares.
Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina com mestrado em Exercício Física para Promoção da Saúde, o especialista Sandro Sofiati diz que os números preocupam, despertando a necessidade da adoção de políticas urgentes para mudar essa realidade e combater um cenário endêmico.
Com base no mais recente levantamento feito pelo programa dentro da perspectiva de enfrentar o sobrepeso na idade escolar, dos 17 mil jovens entrevistados em 361 escolas de 94 municípios paranaenses, 22% são obesos, índice considerado “bastante preocupante”, de acordo com o especialista.
Já na região oeste do Paraná, esse percentual cai um pouco, chegando a 19,3%, enquanto 6% apresentam baixo peso.
A região do Paraná com maior índice de obesos em idade escolar é a Região Metropolitana de Curitiba e litoral paranaense, com 27,6%. O estudo é do professor Dartagnan Pinto Guedes, assessor técnico e científico do programa no Paraná.
Conforme Sandro Sofiati, a possibilidade de o índice de obesos em idade escolar ser maior atualmente não está descartada. “Fizemos um levantamento recente em uma escola em Londrina e constatamos que 29% dos alunos estavam obesos”.
A proposta do Programa Paraná Saudável é realizar acompanhamento e mapeamento constante nas escolas, por intermédio de avaliações físicas e nutricionais, em um trabalho de médio a longo prazo. Os testes serão feitos para analisar as condições físicas do aluno, testes de mobilidade e desenvolvimento locomotor. “Com essas informações em mãos, será possível conhecimento do perfil do aluno paranaense e desenvolver campanhas mais assertivas, contribuindo para a tomada de decisões nos rumos a serem tomados para minimizar o impacto da obesidade nas escolas”, comentou Sandro Sofiati.
Mundo tem 2,2 bilhões de obesos
A obesidade infantil é tida como um problema mundial e muito delicado, pelo fato de formar adultos com esse perfil. Um dos centros de estudos públicos mais prestigiados do mundo no que se refere ao ensino e pesquisa, a Universidade de Washington, desenvolveu um estudo de 25 anos, concluído em 2015, apresentado em junho do ano passado pelo professor/doutor Ashkan Asshin, revela dados alarmantes em torno da obesidade pelo mundo.
O trabalho ocorreu durante 25 anos e terminou em novembro do ano passado.
Conforme a pesquisa, de 1980 em diante, o número de obesos mais que dobrou no planeta, chegando a 2,2 bilhões de pessoas, ou seja, de cada dez pessoas no mundo, uma é obesa. Desse total, 107 milhões são crianças, correspondente a 5% do total de obesos no mundo. Os adultos obesos são 603 milhões, em torno de 12% da população mundial. Nesses 25 anos, a obesidade dobrou em 63 países. O aumento real em crianças foi de 47% e entre os adultos, atingiu de 27%.
Uma em cada cinco pessoas está acima do peso no Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, uma em cada cinco pessoas no Brasil está acima do peso. A prevalência da doença passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016.
Os números fazem parte da Pesquisa de Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), realizada em todas as capitais brasileiras. O resultado reflete respostas de entrevistas realizadas de fevereiro a dezembro de 2016 com 53,2 mil pessoas maiores de 18 anos.
O crescimento da obesidade também pode ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão. As doenças crônicas não transmissíveis pioram a condição de vida e podem matar.
O diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5%, em 2006, para 8,9%, em 2016. O de hipertensão, no mesmo período, saiu de 22,5% para 25,7%. Em ambos os casos, o diagnóstico é mais prevalente em mulheres.
O índice de obesidade aumenta com o avanço da idade, mas, mesmo entre os brasileiros de 25 a 44 anos, o indicador é alto: 17%. O excesso de peso também cresceu entre a população das capitais. Passou de 42,6% para 53,8% em dez anos.
Apenas um entre três adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana. Esse quadro mostra a transição alimentar no Brasil, que antes era a desnutrição e agora está entre os países que apresentam altas prevalências de obesidade.