RIO – O tempo fechou dentro do supermercado Zona Sul da Gávea, no dia 30 do mês
passado. Ainda chocada com a notícia que corria nas redes sociais e nos
noticiários, sobre o estupro coletivo de uma jovem de 16 anos na Zona Oeste do
Rio, a cantora Olivia Byington aguardava a sua vez na fila do caixa quando ouviu
um senhor, que também esperava para pagar a conta, comentar: ?mas essa moça
tinha má índole?. Foi o suficiente para que uma das mais vozes femininas mais
potentes da MPB ecoasse pelo salão.
? Fala mais alto, senhor, e responda: então o senhor acha que foram 33
vítimas? ? questionou a artista.
Paralelamente, na internet e nas ruas, nascia um movimento pelo fim da
cultura do estupro. Estupro – 06/06
? Temos que acabar com a culpabilização da vítima e lutar para condenar o
estuprador, para reverter uma situação escandalosa, indigna ? disse Olivia.
A cantora sofreu na carne a tragédia do estupro. Aos 18
anos, a caminho da gravação de seu primeiro disco, ela foi atacada em frente ao
Gávea Golf Club, em São Conrado. Abalada, na ocasião ela não registrou
ocorrência, e os culpados não foram identificados nem punidos.
? Naquela época era um lugar ainda mais ermo. Ele me atacou e me arrastou
para aquele imenso campo. Reagi e ele passou a me agredir. Eu não sei onde
consegui forças para chegar até a rua e pedir ajuda. Eu estava completamente
ensanguentada. Foi tão violento que eu tive uma lesão na cervical que deixou
sequelas. Sofri ainda uma fratura no nariz, passei 20 dias internada na Clínica
do (Ivo) Pitanguy. Meu rosto ficou tão inchado que demorou dez dias para que eu
pudesse ser operada.
A cantora contou com a ajuda da família para superar o trauma. Ao ver o caso
da adolescente nos jornais, decidiu que deveria fazer alguma coisa:
? As pessoas não percebem o quanto são levianas, quando fazem comentários
sobre as roupas ou comportamento da vítima? Isso precisa definitivamente
mudar.
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