'Nunca trabalhamos tanto na vida', diz Dado Villa-Lobos sobre turnê 'Legião Urbana XXX Anos'

RIO ? Desde aquela noite em outubro do ano passado, em Santos, quando deram o pontapé inicial na turnê comemorativa “Legião Urbana XXX Anos”, o guitarrista Dado Villa-Lobos, o baterista Marcelo Bonfá e a banda que os acompanha ? o vocalista André Frateschi, o guitarrista Lucas Vasconcellos, o baixista Mauro Berman e o tecladista Roberto Pollo ? já fizeram cerca de cem shows pelo país. No giro, tocaram em capitais que nunca tinham visto a banda na década de 1980, quando Renato Russo ainda era vivo, como Maceió, Teresina e São Luís, além de pequenas cidades, como Paulo Afonso (BA), a 400 quilômetros de Salvador (relembre como foi a estreia no Rio).

Cansados mas realizados, eles dão fim ao projeto que celebra os 30 anos do primeiro disco da Legião com três shows no Circo Voador, neste fim de semana ? só há ingressos para a apresentação extra, no domingo.

? Nunca trabalhamos tanto na vida. Nunca tocamos tanto em tão pouco espaço de tempo ? afirma Dado. ? Quando a Legião saía em excursão, nós fazíamos 20 shows, no máximo. Só em 2016, eu devo ter feito mais de 100, contando com outros projetos. A estrada é perigosa, ela pode minar emocionalmente as pessoas, mas montamos uma equipe tão bacana, tão gente como a gente, que facilitou muito a nossa vida.Links Legião Urbana

? E sempre com ótimos públicos. A média foi de cinco mil pessoas por show e muitas delas bem jovens, que nem eram vivas quando a Legião existia. Às vezes é muito cansativo, foi um ano intenso, mas foi também uma ótima surpresa ? comemora Bonfá.

O apelo do público jovem fez, inclusive, com que a banda resolvesse marcar o show extra, no domingo, às 18h, com classificação indicativa mais flexível: menores de 10 a 17 anos podem entrar se acompanhados por um responsável (tradicionalmente, o Circo libera de 14 a 17 anos). Uma matinê no melhor estilo “Pais e Filhos”.

? É como se fosse 30 anos atrás mesmo, quando tínhamos 19, 20 anos e tocávamos para um público que tinha a nossa idade. Essa volta ao tempo, tocando esse primeiro disco na íntegra, é bem louca, mostra a magia da música ? avalia Dado. ? A banda acabou há 20 anos, Renato se foi há 20 anos, não estamos na ativa, estamos nos retirando do mercado de entretenimento, então ter essa aceitação, esse apelo da garotada, é surreal. É uma espécie de fonte da juventude eterna, que é o rock’n’roll. Mas é bom ter um fim também.

Tanto para Dado quanto para Bonfá, o sucesso da turnê passa muito pela competente banda que os acompanha, além dos convidados pontuais dos shows, como os cantores Jonnata Doll, Marina Franco e Lia Paris.

? A gente está com uma galera especial para cacete ? diz o baterista, antes de exaltar as performances do vocalista Frateschi. ? Não optamos por trazer uma pessoa que retratasse o Renato Russo, e sim artistas que trouxessem suas bagagens para interpretarem aquelas canções. E conseguimos isso. O fato de o André ser ator chama atenção e faz diferença no palco.

? Todos encaixaram muito bem. O André estava com a gente no camarim há 30 anos, quando era uma criança, e hoje está no palco cantando essas canções, fazendo elas acontecerem. O Lucas, o Maurinho, o Roberto, todos têm alguma afinidade com a Legião, todos muito musicais, tocando como tem que ser e traduzindo aquelas canções. Já estou até com saudades. Vai acabar e ficar aquela vontade de “quero mais”. Eu saio dessa experiência como um músico melhor, um artista melhor, com uma bagagem, um estofo ? completa o guitarrista.