RIO – Novos resultados dos testes com a fosfoetanolamina sintética, divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), evidenciam a baixa eficácia da chamada “pílula do câncer” para reduzir tumores. Nesses experimentos, a substância foi testada em camundongos com melanoma, uma das formas mais agressivas da doença. Somente em sua dosagem mais alta o composto foi capaz de diminuir tumores, mas com eficácia muito menor do que o já bastante usado quimioterápico ciclofosfamida.
Para essa fase dos testes, cientistas do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (NPDM/UFC), em Fortaleza, células de melanoma foram inoculadas em cinco grupos de dez camundongos. Ao longo de 16 dias, três grupos de animais receberam doses diferentes de fosfoetanolamina: com 200 mg/kg, 500 mg/kg e 1000 mg/kg. Um outro conjunto de roedores recebeu dose de 24 mg/kg de ciclofosfamida. E no último grupo foi administrada uma solução salina.
De acordo com os resultados publicados nesta terça-feira, as duas dosagens menores da fosfoetanolamina não tiveram nenhum efeito relevante sobre os tumores. Somente a dose mais alta da “pílula do câncer” resultou em redução de massa tumoral. Mesmo assim, essa diminuição foi de 64% ao final dos 16 dias de análise. Enquanto isso, a equipe constatou que os camundongos que receberam a ciclofosfamida tiveram perda de massa tumoral de 93%.
Financiados pelo MCTIC, os testes com a substância começaram a ser realizados no início deste ano, após uma onda de clamor popular reivindicando acesso à fosfoetanolamina sintética, que ficou conhecida como medicamento de combate ao câncer mesmo sem jamais ter sido testada em seres humanos. Criada por um pesquisador atualmente aposentado do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, a “pílula do câncer” chegou a ser distribuída localmente por anos, até que seu repasse foi proibido pela própria instituição de ensino, em junho de 2014.