RIO ? Muitos dos candidatos que esperam para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio no campus Praça Onze da Universidade Estacio de Sá dizem se sentir prejudicados com o adiamento da prova. Tanto quem já fez o exame, no início de novembro, quanto quem fará este final de semana, afirmam eles, foram lesados de alguma forma.
? Mesmo que o MEC diga que o nível de dificuldade é o mesmo, são questões diferentes, não é? É estranho o mesmo concurso ser realizado em dias diferentes, com candidatos respondendo a questões diferentes ? destaca Camila Mamede, de 24 anos.
A estudante já cursa medicina em uma universidade particular, mas quer fazer o Enem para tentar conseguir o Fies. Ela paga uma mensalidade de quase R$ 7 mil, no 2° segundo período. Quando chegar ao final do curso, ela acredita que pagará cerca de R$ 10 mil.
? É inviável continuar pagando tanto de faculdade. Desde o início do meu curso, a família toda está fazendo uma vaquinha para ajudar a pagar. Preciso muito tirar uma nota boa nesse Enem, e fiquei nervosa quando soube que teria que esperar mais um mês para fazer a prova. Até porque eu estou agora no meio da época de provas na minha faculdade, então nem tive como estudar muito nos últimos dias.
A estudante do 3° ano Rebecca Vilhena concorda que a mudança na data da prova trouxe uma tensão extra. Assim como muitos candidatos que chegam ao campus Praça Onze da Estacio de Sá, ela gostaria de ter feito a redação com o tema intolerância religiosa, e agora está apreensiva em relação ao tema escolhido para amanhã.
? Eu tinha estudado muito intolerância religiosa e mobilidade urbana. São os dois temas que mais tenho familiaridade hoje. É uma pena. Agora tenho que rezar para que caia mobilidade.
Quanto às provas aplicadas neste sábado, Ciências Humanas (História e Geografia) e Ciencias da Natureza (Biologia, Química e Física), Rebecca também se sente insegura porque está há onze meses sem ter aulas de biologia, química e física na escola pública onde estuda.
? Fiz o máximo para estudar pela Internet, com vídeo aulas, mas é difícil ? conta ela.
MOBILIDADE É TEMA PREFERIDO
Não é só Rebecca que espera encontrar mobilidade urbana como tema da redação no domingo. Essa é a maior preocupação dos candidatos que esperam o início da prova no Centro do Rio. Os candidatos Raphael Guimarães e Raphael Lopes, ambos de 17 anos, mostraram essa preferência.
? Tem que cair mobilidade urbana! ? brinca Raphael. ? Se cair discussão sobre aborto, por exemplo, eu não estarei preparado.
Ele conta que, no final de semana em que as primeiras provas foram aplicadas, em novembro, eles imprimiu as questões para fazer em casa. E acertou muitas, o que acabou o deixando mais ansioso.
? Bate um nervosismo quando você viu que se saiu bem e que pode não repetir o resultado ? diz ele.