Cotidiano

Na véspera, pesquisas britânicas se dividem sobre permanência na UE

LONDRES ? Faltando horas para o referendo histórico que irá definir o futuro do Reino Unido na União Europeia (UE), novas pesquisas de intenção de voto mostraram o apoio à permanência no bloco à frente. Mais cedo, outras duas sondagens respaldaram a saída. Milhões de britânicos vão às urnas na manhã de quinta-feira para decidir se continuam ou saem, mas os níveis de indecisos continuam acima dos 10%, podendo definir a disputa. Brexit

Durante a noite britânica, o apoio à manutenção britânica teve seis pontos de vantagem sobre a saída: 48% a 42%, segundo a pesquisa ComRes para o “Daily Mail” e a ITV. Na última sondagem do instituto, no dia 14, o “sair” estava pouco à frente.

A consulta da YouGov para o “The Times”, considerada um termômetro importante para a votação, deu o “dentro” com 51% contra 49% do “fora”. De acordo com o jornal, os números desconsideraram os indecisos e levaram em conta qual o voto que eles “estavam mais propensos a dar”. Uma pesquisa anterior da YouGov havia mostrado que a opção de sair da UE estava na frente.

Duas pesquisas sobre o referendo britânico difundidas na manhã quarta-feira deram aos partidários do rompimento com Bruxelas uma pequena vantagem, um dia antes da votação. A pesquisa do instituto Opinium, elaborada pela internet, dá 45% das intenções de voto ao Brexit, 44% para os pró-UE, 9% de indecisos e 2% que não quiseram responder. A segunda pequisa, da TNS, dá 43% aos pró-Brexit, 41% aos pró-UE e 16% de indecisos.

As campanhas contra e a favor da permanência do país no bloco concentram-se seus últimos esforços para conquistar o voto dos indecisos. Entre 9% e 13% dos britânicos, de acordo com várias pesquisas, ainda não escolheram o lado que vão seguir. Com uma disputa acirrada e resultados não muito claros, o voto flutuante é crucial. Mais de 46 milhões de pessoas são elegíveis para votar

O último dia de campanha foi marcado pelo grande tributo à deputada Jo Cox, pró-UE, que foi assassinada na quinta-feira passada por um homem que gritou lemas da extrema-direita durante o crime. As pesquisas apontavam já uma pequena vantagem à permanência no Reino Unido.

HORA DO APELO

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Em uma entrevista a um programa de rádio da BBC nesta quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, reiterou que uma eventual saída da UE será irreversível. Sua aposta pessoal ao convocar o referendo e defender o bloco europeu pode custar seu cargo em caso de derrota.

? Não há volta atrás se votarmos pela saída. É uma decisão irreversível ? disse Cameron, antes de rebater um dos principais argumentos dos partidários do Brexit, como é conhecida a opção de saída britânica da UE: ? A ideia de que não somos independentes não é certa.

Cameron recorreu mais uma vez ao tom de Winston Churchill que dominou seus últimos discursos, em um movimento direcionado às gerações mais idosas ? e com tendência maior de votar pela saída.

? Sou profundamente patriótico, não nos invadiram nos últimos 1.000 anos, temos instituições que nos prestam um bom serviço ? afirmou.

A Otan foi clara em defender a permanência britânica no bloco. Alegando que o poder militar e econômico do país tem papel “crucial” no bloco, o secretário-geral da entidade disse que o Reino Unido é peça-chave para combater o terrorismo, a imigração ilegal e que sua saída poderia “exacerbar a instabilidade na região”.

? Um Reino Unido forte (…) é bom para a Otan. Estamos diante de desafios inéditos de segurança, com o terrorismo, instabilidade e um clima de incertezas. Uma Europa fragmentada acrescentaria a esta imprevisibilidade ? disse ao “Guardian” Stoltenberg.

Stoltenberg se somou a recentes apelos dos chefes de governo francês (François Hollande) e belga (Charles Michel) e afirmou que o poderio militar britânico é “fundamental” para a manutenção da estabilidade dentro do continente. Ele relatou ainda que o papel da Inteligência do país no combate ao terrorismo tem facilitado e dado vantagens “estratégicas” ao bloco, consequentemente ajudando a própria Otan.

201606220445450804_AP.jpgNo lado do Brexit (adaptação de ?Saída Britânica? em inglês), o ex-prefeito de Londres Boris Johnson iniciou a quarta-feira em um mercado da capital britânica. Já o líder trabalhista Jeremy Corbyn vai protagonizar o último grande comício de seu partido a favor da UE.

? Estamos nas últimas 24 horas. É um momento crucial, muitas pessoas estão tomando sua decisão, e espero que acreditem em seu país, que acreditem no que fazemos ? disse Boris Johnson no mercado de peixes de Billingsgate.

Mais de cem personalidades dos dois lados se reunirão em um estúdio do Channel 4 durante a noite para discutir sobre o referendo. Entre os participantes estará o líder do Partido para a Independência do Reino Unido (Ukip), Nigel Farage, cuja oposição feroz à imigração foi relacionada ao assassinato da deputada Jo Cox.

A morte da deputada trabalhista freou o avanço do Brexit nas pesquisas. Seu marido, Brendan Cox, afirmou na terça-feira à BBC que ela foi assassinada ?por suas posições políticas?.

Nesta quarta-feira, Jo Cox completaria 42 anos. Uma procissão percorreu o Tâmisa em sua homenagem e um ato em sua memória foi organizado na Trafalgar Square, praça no centro de Londres. Cinco fatos que você precisa saber sobre o Brexit do Reino Unido