BRASÍLIA – A cúpula da República se reunirá na noite desta quarta-feira, véspera do início do julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, em jantar na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Entre os convidados, estão o presidente interino, Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os ministros da área econômica, Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento), os ministros do núcleo político, Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Eliseu Padilha (Casa Civil), além dos presidentes do PMDB, Romero Jucá (RR), e do PSDB, Aécio Neves (MG), além de outros aliados.
No cardápio de assuntos, o ajuste fiscal, a proposta de reajuste aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que estabelece na prática o teto do funcionalismo público e tem gerado desavenças na base, além das últimas contas para a votação do impeachment.
O encontro deve servir para distensionar a relação com o PSDB, que esquentou nos últimos dias devido às posições contrárias sobre os reajustes salariais. Ontem, os tucanos demonstraram irritação com as manobras de peemedebistas para acelerar a aprovação dos aumentos de salário para os ministros do Supremo. Mas, no Palácio do Planalto, a crise é minimizada.
O líder do governo, Aloysio Nunes (PSDB-SP), esteve hoje no Planalto para conversar sobre o tema. A cobrança no PSDB é por uma posição clara do governo sobre os reajustes, já que o principal partido aliado não quer ter de arcar sozinho com o ônus de se posicionar contra as medidas. Mas, segundo interlocutores de Temer, o governo não deve externar uma posição neste momento para evitar problemas na reta final do impeachment.
Para auxiliares de Temer, a postura de confronto do PSDB passa longe de uma ameaça real de desembarque da base aliada. O discurso contrário ao reajuste salarial seria uma demarcação de posição voltada para o mercado, para quem os tucanos querem emergir como os reais defensores do ajuste fiscal. Os tucanos se reúnem nesta tarde para afinar a posição sobre o tema, mas alguns já admitem que, se o PMDB continuar a apoiar os reajuste, muitos tucanos farão o mesmo.
Apesar do cuidado no governo para não haver reviravoltas em relação ao impeachment, as contas no Planalto são otimistas. Auxiliares de Temer dizem já terem recebido a garantia de que 61 senadores votarão a favor do processo. E dizem que, a esta altura, pouco há a fazer para mudar votos.
? Não tem mais muito o que fazer. Os cargos que o governo podia negociar, as nomeações que podiam acontecer, as conversas que tinham para ter já ocorreram nesses meses. Agora, é só monitorar ? afirma um assessor do Planalto.