Cotidiano

Museu Britânico treina arqueólogos iraquianos para reconstruir cidades destruídas pelo Estado Islâmico

64993358_FILES This file photo taken on November 15 2016 shows Iraqi soldiers standing amid destruct.jpg

LONDRES ? O Museu Britânico está treinando oito arqueólogos iraquianos para ajudá-los a reconstruir os cidades destruídas no seu país pelo Estado Islâmico (EI). Em Londres, eles aprendem as habilidades digitais e de escavação necessárias para salvar artefatos e sítios antigos atacados por combatentes jihadistas. No total, serão seis meses de treinamento para que, quando finalmente voltarem a trabalhar, possam ajudar as cidades recapturadas pelas tropas do governo a retomar a vida.

Jonathan Tubb, chefe do Esquema de Treinamento de Gestão Emergencial do Patrimônio do Iraque do Museu Britânico, disse que o projeto começou como uma tentativa de fazer algo positivo. Os arqueólogos passam por três meses de treinamento teórico no Museu Britânico e mais três meses de trabalho prático em sítios de Tello e Darband-i Rania, no Iraque.

? Nós poderíamos realmente preparar as pessoas para o dia em que esses locais seriam liberados novamente e garantir que elas tenham todas as habilidades e ferramentas necessárias para lidar com a mais terrível destruição ? disse Tubb.

Zaid Sadallah, um arqueólogo de Mosul, no norte do Iraque, fugiu de sua casa quando os combatentes islâmicos capturaram a cidade em 2014. Funcionário do Museu de Mosul, ele se dirigiu com sua famílias para a cidade de Erbil.

Em fevereiro de 2015, assistiu horrorizado à exibição de vídeos do Estado Islâmico. As imagens mostravam homens atacando os artefatos do museu, incluindo antiguidades do século 7 a.C., usando marretas e brocas.

? Temos destruição em toda a cidade, mataram mais pessoas e danificaram mais antiguidades ? disse Sadallah, que participa do treinamento em Londres. ? Agora queremos reconstruir a cidade, refazer Mossul.

Os arqueólogos estão sendo treinados a detectar armadilhas durante a escavação, para evitar os explosivos plantados no solo. Eles também aprendem técnicas digitais: levantamentos geofísicos, sensoriamento remoto e o uso de equipamentos que ajudam com mapeamentos e medições.

DESTRUIÇÃO TAMBÉM NA SÍRIA

Na Síria, o Estado Islâmico também deixou um trágico rastro de destruição. Uma das suas cidades mais afetadas foi Palmira, sítio arqueológico com monumentos milenares.

No mês passado, os extremistas destruiram parte do anfiteatro romano na antiga cidade, informou nesta sexta-feira o chefe das Antiguidades. O tetrápilo ? um monumento de quatro estruturas de pilares ? também foi arruinado.

Considerada Patrimônio Mundial da Humanidade, Palmira foi tomada novamente pelos militantes em dezembro passado. A destruição dos monumentos foi classificada pela chefe da agência cultural das Nações Unidas como crime de guerra.

?Essa destruição é um novo crime de guerra e uma perda imensa para o povo sírio e para a Humanidade?, afirmou a diretora geral da Unesco, Irina Bokova, em um comunicado.

O grupo destruiu outros monumentos após a primeira captura de Palmira, em maio de 2015. O extremistas permaneceram no controle do local e de outra cidade próxima conhecida como Tadmur por dez meses. Na ocasião, o templo de Bel foi explodido, o templo de Baalshamin foi totalmente destruido e o Arco do Triunfo ficou em ruínas.

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O Estado Islâmico usa a estratégia de destruição de monumentos históricos tanto como forma de publicidade do terror quanto por considerar a arte pré-islâmica herética. Abaixo, o Conflict News, uma rede de informações de conflitos pelo mundo, publicou imagens do local antes e depois da destruição, em sua pagina no Twitter.