GENEBRA ? Este já é o ano com maior número de mortes de imigrantes que o mar Mediterrâneo já registrou, disse nesta quarta-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). As vítimais fatais das perigosas travessias até o continente europeu chegaram a pelo menos 3.800 ? superando os 3.771 imigrantes e refugiados que se afogaram no mesmo caminho até o fim de 2015.
Em 2015, no entanto, um número de pessoas três vezes maior ? mais de um milhão ? se arriscou nas águas, segundo a agência da ONU. O número passado já era um recorde até então, que acaba de ser superado pelas novas mortes registradas nesta quarta-feira.
?Nós podemos confirmar que pelo menos 3.800 pessoas morreram, fazendo 2016 o ano mais mortal de todos?, escreveu o porta-voz do Acnur, William Spindler, em seu Twitter.
No fim da terça-feira, 25 homens e mulheres morreram em um bote no Mediterrâneo e foram encontrados pelo navio de busca da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). Outras 107 pessoas foram resgatadas com vida da mesma embarcação, e mais 139 foram retiradas de um barco de borracha nas proximidades.
?Isso é uma tragédia, mas não podemos dizer que este é um dia excepcional no mar. As últimas semanas têm sido terríveis, com resgates quase contínuos e muitos homens, mulheres e crianças morrendo?, disse Stefano Argenziano, coordenador de operações de migração de MSF, em nota. ?Nossas equipes de resgate estão sobrecarregadas por causa de políticas que provocaram essa crise. Nos sentimos impotentes para impedir a perda de tantas vidas. De quantas tragédias desse tipo precisamos para que os líderes da União Europeia mudem suas prioridades equivocadas de dissuasão e ofereçam alternativas seguras??.
Atualmente os traficantes de pessoas estão realizando embarques de milhares em botes infláveis precários que partem da Líbia para a Itália, talvez para diminuir seus próprios riscos de serem pegos, mas também complicando o trabalho das equipes de resgate.
Desde que a União Europeia e a Turquia assinaram um acordo em março para fechar as rotas para a Grécia, o trajeto da Líbia para a Itália pelo Mediterrâneo central se tornou o caminho principal dos imigrantes. Um de cada 47 imigrantes ou refugiados que tenta a jornada nessa rota acaba morrendo, disse Spindler.