SÃO PAULO – Em despacho na última sexta-feira, o juiz federal Sérgio Moro pediu que a Polícia Federal se manifeste sobre um suposto vídeo feito durante a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março do ano passado. A gravação, de cerca de duas horas, que incluiria desde a chegada ao edifício onde mora o ex-presidente, teria sido usada pelos produtores do filme Polícia Federal – a lei é para todos?, sobre a Operação Lava-Jato para reconstituir as cenas da condução coercitiva.
Em petição na última quinta-feira, a defesa de Lula pediu a Moro que determine investigações a respeito do uso indevido das imagens da ação por parte da PF. Os advogados acusam a polícia de ter cedido a gravação para os produtores. A polícia ainda não se manifestou sobre o caso porque alega ainda não ter sido notificada.
Ao analisar a petição da defesa de Lula, Moro escreveu que não cabe ao juízo ?impor censura a veículos de comunicação ou mesmo à produção de algum filme?.
O produtor do filme , Tomislav Blazic, nega que tenha recebido imagens da Polícia Federal sobre a operação em que Lula foi levado coercitivamente para depor.
Em petição ao juiz Sérgio Moro, na noite da última quinta-feira, os advogados de Lula pediram ao New Group Cine & TV LTDA, responsável pela obra, que se abstenha de utilizar gravação do depoimento de Lula. Os advogados lembram na petição que Moro determinou que não o cumprimento do mandato não fosse filmado e, inclusive, que fosse evitada filmagem pela imprensa do deslocamento do ex-presidente para a colheita do depoimento. No relatório apresentado pela Polícia constou apenas que foi gravado o depoimento de Lula, das 8h às 10h35m.