SÃO PAULO – O empresário Mário Marcondes Ferraz virou réu na Lava-Jato nesta sexta-feira. O juiz Sérgio Moro aceitou denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF), que acusa o empresário de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo os procuradores, Marcondes Ferraz pagou, entre 2011 e 2014, US$ 870 mil em propina para o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para que a empresa Decal conseguisse um contrato com a estatal.
Casado com a atriz Luiza Valdetaro e investidor do mercado de arte, Marcondes Ferraz foi preso no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em 26 de outubro do ano passado, quando pretendia embarcar para Londres. Após passar uma semana na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, ele concordou em pagar uma fiança de R$ 3 milhões. Desde então, está em liberdade. Agora que a denúncia foi aceita, o juiz Moro deve marcar datas para depoimentos das testemunhas de acusação e defesa e para o interrogatório do réu.
Em seu depoimento à PF, o empresário admitiu ter pago ?comissões? de 1,5% a Paulo Roberto para ?garantir os negócios de suas empresas com a Petrobras?, de acordo com a denúncia. Segundo o MPF, as propinas pagas no exterior ao ex-diretor da Petrobras fizeram com que a Decal conseguisse a renovação de um contrato de prestação de serviços de armazenagem e acostagem de navios de granéis líquidos em instalações portuárias localizadas no Porto de Suape, em Pernambuco.
Marcondes Ferraz alegou, também em seu depoimento, que foi vítima de extorsão por parte de Paulo Roberto. Ao aceitar a denúncia, Moro escreveu que o fato ?terá que ser examinado, após a instrução, no julgamento?. ?Por ora, considero o fato de que há indicativos de que foi paga propina a Paulo Roberto Costa mesmo após a saída dele do cargo de Diretor da Petrobrás, o que sinaliza, em cognição sumária, pela inexistência de concussão ou extorsão.?