BRASÍLIA. Um dos principais auxiliares do presidente Michel Temer, o secretário de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, afirmou ao GLOBO que o governo foi ?surpreendido? pela ação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), articulada com o PT e avalizada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, que possibilitou o fatiamento da pena da ex-presidente Dilma Rousseff.
Segundo Moreira, na volta da viagem à China, Temer terá de discutir a relação com as bancadas do PMDB no Senado e na Câmara para estabelecer “regras de comportamento”. O peemedebista defende que o Palácio do Planalto não pode ser surpreendido por ações de integrantes do partido que tenham forte repercussão como esta.
? Quando o presidente chegar, ele irá fazer uma reunião com a bancada da Câmara e do Senado para definir regras de comportamento. Nós do PMDB sempre trabalhamos com o contraditório, nunca buscamos unanimidade, e sim maioria. Mas, tem que ter regras de comportamento, ninguém pode ser surpreendido desta maneira ? afirmou Moreira ao GLOBO.
? Foi uma surpresa, ninguém sabia. Temer não sabia de nada. Foi todo mundo pego de surpresa numa movimentação do ministro Lewandowski com o Renan ? completou.
Moreira criticou o PT por judicializar o julgamento de Dilma Rousseff com ações no Supremo Tribunal Federal (STF). Para o aliado de Michel Temer, os petistas tentam manter um ambiente de instabilidade que dificulte a superação da crise econômica.
Como o tema já está judicializado, Moreira disse não ver problema no fato de o PMDB, partido do presidente, também entrar no Supremo com mandado de segurança questionando o fatiamento da pena.
? Os outros todos já entraram, agora não tem problema o PMDB entrar. Já está mexido porque Dilma mexeu. O grande problema é o esforço que ela faz para manter o ambiente de instabilidade, insegurança, desorganização do país para não conseguir sair da crise. É uma tentativa de manter o espírito belicoso, já que ela não tem mais o Eduardo Cunha para ficar fustigando na Câmara, ela vai fazer as mesmas manobras fustigando a estabilidade do governo, gerando dificuldades para que o problema econômico seja resolvido.
Mas, segundo Moreira, para Temer é indiferente Dilma ficar ou não inabilitada:
? Como o presidente disse, isto não tem importância para o PMDB. O que nós queremos é resolver a crise econômica. O único objetivo que nos move a todos é tirar o país da crise ? pontuou.