RIO ? O candidato a prefeito do Rio pela Rede, Alessandro Molon, subiu o tom contra a atual gestão do município em sabatina na rádio CBN nesta quarta-feira. Além das críticas usuais, alegando falta de transparência em áreas como mobilidade urbana e saúde, Molon apresentou um cálculo próprio para comparar os gastos da prefeitura com creches conveniadas e a verba destinada a propaganda da administração de Eduardo Paes (PMDB) no último ano.
Atualmente, o município destina a creches da iniciativa privada ou de instituições civis conveniadas com a prefeitura um valor de R$ 233 mensais por cada criança matriculada. Os convênios com creches visa a atenuar o déficit de vagas na rede escolar para crianças de 0 a 3 anos; atualmente, a demanda está na casa de 25.500 crianças na fila por vagas em creches do município, segundo a Prefeitura do Rio.
? Se a gente gastar esse valor (R$ 233 mensais por criança) para colocar em creches as 25.500 crianças para quem a prefeitura diz não ter vagas, seriam R$ 71 milhões por ano. Se o valor fosse de R$ 430 (mensais por criança), teríamos R$ 133 milhões por ano (na verdade, R$ 131,5 milhões). Isso é menos do que o Paes gastou com propaganda em 2015 ? criticou Molon.
O valor destinado por criança às creches conveniadas não é reajustado desde 2013. A Associação das Creches Conveniadas do Rio (Acreperj) argumentou, em agosto, que seria necessário um reajuste para, no mínimo, R$ 450 mensais por criança. Embora Molon tenha citado R$ 133 milhões como o gasto da prefeitura com propaganda, a verba efetivamente liquidada em 2015 foi de R$ 127,2 milhões, segundo o site de transparência do município. A quantia é inferior ao cálculo do candidato da Rede para inserir crianças nas creches conveniadas com o valor reajustado, mas 79% superior ao que seria gasto usando a taxa atual, de R$ 233.
? Tem dinheiro. A questão é prioridade. A prioridade é garantir educação ou fazer propaganda do governo? ? alfinetou Molon.
Procurada, a Prefeitura do Rio não havia se pronunciado até o início da tarde desta quarta-feira.
RACHA COM PMDB
Durante a sabatina, Molon foi perguntado sobre a aliança que faria para receber apoio do PMDB em 2008, quando lançou candidatura própria à prefeitura do Rio, à época pelo PT. A aliança, que tinha apoio do então governador Sérgio Cabral, foi desfeita a poucos meses do pleito, e o PMDB decidiu lançar Eduardo Paes, à época secretário de Turismo, Esporte e Lazer. Paes venceria a eleição e depois seria reeleito, em 2012.
Molon classificou como ?desculpa esfarrapada? o motivo alegado pelo partido de Paes e Cabral para romper a aliança ? o desejo do PT de lançar candidato próprio em alguns municípios da Baixada Fluminense, como Queimados, em vez de apoiar o PMDB. Para o atual candidato da Rede à prefeitura, o verdadeiro motivo foi sua escolha pelo procurador de Justiça aposentado Antônio Carlos Biscaia, então deputado federal, como tesoureiro de campanha. Molon alegou ainda que nunca pensou em apoiar o PMDB, mas ?não via problema em receber (apoio)?.
? Quando eu escolhi para tesoureiro alguém sobre quem não pesaria nenhuma dúvida e não admitiria nas finanças qualquer irregularidade, a aliança acabou. Queriam fazer um pacto eleitoral para praticar irregularidade na campanha, e isso eu não aceito. Ao escolher o tesoureiro de campanha eu sinalizei à sociedade que não queria dinheiro sujo. Fiz um teste, e o teste funcionou. Não queriam fazer uma aliança para melhorar o Rio, mas sim manter os esquemas de sempre ? argumentou Molon.