BERLIM O ministério do Interior alemão, Thomas de Maizière, pediu nesta sexta-feira, após uma reunião com seus colegas conservadores dos governos regionais, uma proibição parcial da burca, num momento em que a integração está no centro do debate político no país.
Estamos de acordo em rejeitar a burca, estamos de acordo que também queremos introduzir legalmente a obrigação de mostrar o rosto onde for necessário para nossa sociedade: ao volante, nos processos administrativos (…) nas escolas e nas universidades, nos serviços públicos, ante os tribunais disse em declarações à rede de televisão ZDF.
De Maizière sustentou que um véu inteiro não é compatível com uma sociedade cosmopolita.
Queremos mostrar nossos rostos uns aos outros e esta é a razão pela qual concordamos em rejeitar isso, agora a questão é como traduzimos isso em uma lei.
De Maizière defendeu uma proibição parcial da burca, enquanto setores mais duros do partido da chanceler Angela Merkel, a União Democrata Cristã, apoiam uma proibição total.
A proibição parcial provavelmente ganharia apoios no Parlamento, sustentou o ministro. A grande coalizão que governa na Alemanha, integrada também pelos sociais-democratas (SPD), tem maioria no Parlamento.
A postura que De Maizière defende agora representa uma concessão à ala mais conservadora quando se aproximam duas eleições em Estados chave no próximo mês, num momento em que o partido de extrema-direita populista Alternativa para a Alemanha (AfD) está posicionado para ter um avanço importante.
Após uma série de ataques em julho, alguns dos quais reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), o ministro anunciou no dia 11 de agosto uma série de medidas para reforçar a segurança no país.
Na França, a proibição do uso de burquíni (traje de banho islâmico) em algumas cidades do país levou o debate à esfera nacional. O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, defendeu a medida adotada por prefeitos de cinco municípios, dizendo que as roupas não são compatíveis com os valores da França e da República, mas fez objeção a uma lei nacional sobre o tema.
Na Itália, o ministro do Interior, Angelino Alfano, lembrou que a decisão pode ser perigosa, e vários jornais europeus a qualificaram como ridícula, discriminatória e contraproducente na luta contra o Islã radical.
As discussões sobre o Islã e o traje das muçulmanas voltou ao centro do debate após uma série de atentados por militantes islâmicos na Europa.