Cotidiano

Mercado de crédito no Brasil deve crescer 2% em 2017, diz BC

BRASÍLIA – O Banco Central prevê que o mercado de crédito brasileiro crescerá 2% em 2017, metade do enxergado pelo setor bancário, após cair 3% em 2016, estimativa que foi piorada pela autoridade monetária nesta sexta-feira em meio à forte recessão que vive o país.

Até então, o BC previa que o estoque de crédito recuaria 2% neste ano. Se confirmado, o desempenho de 2016 representará o pior resultado anual e o primeiro no vermelho na série histórica para saldos iniciada em março de 2007.

Mesmo indo para o campo positivo no ano que vem em termos nominais, o saldo geral de financiamentos continuará entregando um resultado pior que a inflação, a exemplo do que aconteceu em 2015 e em 2016, num reflexo da cautela dos bancos em financiar e da falta de apetite de famílias e empresas pela tomada de empréstimos diante do horizonte econômico incerto.

Se confirmada, a expansão esperada pelo BC para o crédito em 2017 também virá abaixo dos 4% previstos pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, as contas do BC consideram, sobretudo, a expansão da economia.

? Temos que ter em mente que estamos saindo de um ano de retração da atividade econômica para um crescimento de 0,8% (do PIB na projeção do BC). Então não é o crescimento apenas per si. É a mudança na dinâmica da atividade ? afirmou.

Ele ressaltou, por outro lado, que a relação crédito/PIB deve cair de 49% em 2016 para 48% em 2017.

? Isso está em linha com processo de desalavancagem que a gente tem observado e que está em curso, tanto das famílias, quanto das empresas ? destacou Maciel, em referência à tendência de menor endividamento em meio às incertezas.

Para o ano que vem, a perspectiva é de que o estoque de crédito direcionado suba 2%, contra recuo de 1% neste ano. Já para o estoque do crédito livre, a autoridade monetária também estimou avanço de 2% em 2017, contra retração de 5% em 2016.

BANCOS PÚBLICOS

O avanço no estoque de crédito brasileiro no próximo ano deverá ser puxado, nas contas do BC, pelos financiamentos concedidos pelos bancos públicos. A expectativa é que este saldo suba 3% em 2017, ante diminuição de 2% neste ano.

Para os bancos privados nacionais, o BC vê expansão de apenas 1% no ano que vem, mesmo percentual enxergado para 2016.

Já para as instituições privadas estrangeiras, a estimativa é de alta de 2% em 2017, contra retração de 16% neste ano, performance negativa diretamente afetada pela migração da carteira do HSBC para o Bradesco após a conclusão da compra da instituição.