SÃO PAULO – A única dúvida a que Marta Suplicy pretendia se dedicar nesta quinta-feira era o dilema entre uma blusa florida de fundo róseo ou em um tom de azul celeste. A candidata do PMDB se esquivou de polêmicas sobre o início do programa eleitoral de TV amanhã ou a respeito de sua participação no processo de impeachment de Dilma Rousseff, de quem foi ministra, e que começa hoje.
Sorridente, evitou ainda criticar os oponentes na corrida à Prefeitura em São Paulo e em meio a abraços em lojistas decidiu-se pela camisa rosa, que um assessor se apressou em pagar: R$ 79,90, um preço salgado para a média de valores do comércio popular do Brás, um dos polos varejistas da capital.
– Para você é de graça – insistiu a vendedora.
Marta recusou a gentileza por temor de violar alguma regra da legislação eleitoral. Em visita a um dos maiores conglomerados de moda da região, o Mega Polo Moda, com cerca de 400 lojas, a candidata quis saber o que poderia ser feito pela administração municipal para ajudar os lojistas. Ouviu uma resposta pouco simpática do administrador do local: “não atrapalhar”.
Experiente, ela disse que pretende não só não atrapalhar como ajudar, e destrinchou pelas ruas a sua proposta de Banco do Povo, uma agência de fomento e microcrédito para microempreendedores.
Elizabete Marques, de 47 anos, que circulava pelo bairro com um carrinho lotado de produtos para revender na garagem de casa, no bairro de São Mateus, na zona leste, virou um exemplo instantâneo de como a ideia seria aplicada. Abraçada à eleitora, Marta chamou os repórteres e falou sobre a importância de ajudar os pequenos comerciantes.
Pelas ruas, ela repetia:
– A gente tá bem na fita, mas ainda precisa muito esforço.
Segundo a última pesquisa Ibope divulgado essa semana, Marta é vice-líder na disputa.
De um ambulante, ouviu:
– Se fosse do PT, eu não votava. Mas como a senhora saiu, eu voto na senhora.
Marta tem feito agendas não divulgadas para a imprensa para gravar os programas eleitorais na periferia. Na segunda-feira, dará uma pausa na campanha para “ouvir o discurso da presidente Dilma no Senado” e votar pelo impeachment.