RIO ? A presença da presidente afastada Dilma Rousseff na tribuna do Senado, às vésperas do julgamento do impeachment, estimulou manifestações em seu apoio nas principais capitais do país no fim da tarde desta segunda-feira.
No Rio, um ato convocado pela Frente Brasil Popular começou na Praça Pio X, onde fica a Igreja Nossa Senhora da Candelária, e às 18h45m partiu para a Avenida Rio Branco. O trânsito foi interrompido no local. Uma composição do VLT ficou parada na Estação Candenlária enquanto o grupo passava. A previsão é de que o grupo caminhe até a sede da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
De acordo com a organização do protesto, cerca de 10 mil pessoas caminham pela Avenida Rio Branco. A extensão da passeata, no entanto, ocupa apenas dois quarteirões e é intercalada por longas faixas que se estendem pelas três pistas da via. A Polícia Militar não divulga estimativas oficiais de presentes no ato.
A Frente Brasil Popular organiza protestos a favor de Dilma e contra o presidente interino Michel Temer desde abril, quando a Câmara dos Deputados autorizou a abertura do processo de afastamento da petista.
Embora manifestem apoio à presidente Dilma, líderes sindicais e estudantis reivindicaram novas eleições em seus discursos. Os gritos ?Fora, Temer? são frequentes. Entre as pautas dos pronunciamentos, também aparecem assuntos que não estão relacionados ao impeachment ? vão desde a violência contra travestis e transsexuais à possibilidade de privatização da Cedae.
O ato na Candelária também foi visto como oportunidade por manifestantes que fazem campanha para candidatos a cargos eletivos nas eleições deste ano. O vereador Luiz Sérgio distribuiu adesivos de Jandira Feghali, candidata à prefeitura do Rio pelo PCdoB. Reimont, do PT, também distribui adesivos. Ele é candidato a uma vaga na Câmara dos Vereadores do Rio. Ao discursar no microfone, no entanto, ele não tratou das eleições.
? Hoje foi um dia histórico para a esquerda brasileira. A presidenta Dilma deu um show no Senado Federal ao discursar e responder, sem titubear, aos senadores ? declarou.
CONFRONTO COM A POLÍCIA EM SÃO PAULO
Em São Paulo, cerca de 800 pessoas participaram de um protesto convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo na Avenida Paulista. Ao chegarem na altura do Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde havia um cordão de isolamento da Polícia Militar, alguns manifestantes tentaram passar pelos agentes, que atiraram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar o grupo, que revidou lançando garrafas.
Em Brasília, um protesto contra o impeachment reúne 1.500 pessoas na Esplanada dos Ministérios, de acordo com uma estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal. Os militantes carregam bandeiras, faixas e cartazes com mensagens de apoio à presidente Dilma Rousseff e contra o governo de Michel Temer.
Marchinhas são improvisadas para falar do ?aeroporto do Aécio?, em menção à denúncia da construção de um aeroporto pela gestão do tucano nas terras de um parente em Minas Gerais e para questionar a legitimidade do governo Temer, em função de não ter sido eleito.