Estoques guardam uma fortuna de mais de R$ 5,2 bilhões
Toledo – Às vésperas de começar a preparar a terra para o plantio da safra de verão, 1,5 milhão de toneladas de soja, cerca de 40% da produção regional do ciclo 2016/2017, continua nos silos e armazéns. É uma verdadeira fortuna, estimada em R$ 5,2 bilhões, parados a espera do melhor momento para a comercialização.
Segundo o direto-presidente da Coopavel, Dilvo Groli, este percentual é considerado aceitável e não representa exageros nem excesso de precaução dos sojicultores. “Neste mesmo período do ano passado eram em torno de 35% dos grãos [de soja] estocados e de 15% a 20% os agricultores sempre vão deixar de um ano para o outro. Isso ocorre por vários motivos, um deles é o preço, esperar o melhor momento para a venda, pois a soja é uma importante moeda de troca para o produtor, assim ele pode fazer estoque para futuras comercializações”, reforça.
Questionado se o que está guardado não vai comprometer o recebimento da safrinha de milho que está no auge de sua colheita, Dilvo afirma que não. “O Paraná tem capacidade de armazenamento para algo em torno de 32 milhões de toneladas, hoje nos armazéns têm cerca de oito milhões de toneladas de soja da safra 16/17, mais dois milhões de trigo e milho da primeira safra e outros dois milhões de produtos diversos, somando tudo, temos nos armazéns 12 milhões de toneladas, o milho safrinha vai representar mais 14 milhões de toneladas e, ainda assim, teremos espaço para mais seis milhões de toneladas”, esclarece.
O que existe, por exemplo, são problemas pontuais enfrentados por algumas empresas e cooperativas no momento do recebimento, mas que se pode trabalhar com uma acomodação e acerto entre todos. “Se houver esta cooperação, um estoca os grãos dos outros. Então não vai faltar espaço para acomodar a safra que está sendo colhida”, afirma.
Por outro lado, há um gargalo na recepção do milho que não pode ser ignorado. “Mesmo tendo espaço, precisa da secagem e da padronização destes grãos e isso tem gerado filas de duas ou três horas”, pondera.
Saca a R$ 59
Somente no Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel há nos estoques algo em torno de 840 mil toneladas. No Núcleo de Toledo são 37% da soja colhida no ciclo passado, algo em torno de 700 mil toneladas. No início desta semana a cotação do cereal estava, para o produtor, em R$ 59.
Para o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab de Toledo, Paulo Oliva, os estoques ainda elevados representam o anseio do produtor em esperar momentos melhores para a venda. “Entendemos que é uma soma de fatores, mas o principal deles é a espera por preços melhores para a comercialização”, destaca.
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Já para Dilvo Grilo, os produtores precisam ficar atentos ao mercado e que situações como as observadas nos anos de 2013 até 2016 não deverão se repetir imediatamente. “Neste período o preço das commodities subiram muito porque os estoques mundiais estavam baixos, agora não se vive este problema então os valores deverão se manter nos níveis onde estão”, completa.
Venda antecipada: em torno de 8% fecharam negócios
A comercialização antecipada da soja nos chamados contratos de venda futura evoluiu um pouco neste ano, se comparado com o ano passado. Segundo dados do Deral, em 2016/2017 menos de 5% da estimativa de colheita haviam sido vendidos antes mesmo do plantio e olha que naquele período os produtores conseguiam vender parte da sua produção garantindo mais de R$ 80 a saca. Na expectativa que 60 quilos da oleaginosa batessem os R$ 100, muitos optaram por segurar e vender, mas o que se viu foram supersafras americana e brasileira normalizando os estoques mundiais e o preço, por consequência, começou a baixar e não reagiu mais.
Neste ano, em torno de 8% do que se estima colher no ciclo que se inicia em setembro estão com contratos assinados. “Estimamos que em toda a região de 6% a 10% tenham feito a venda futura e os contratos estão sendo assinados com valores que variam de R$ 62 a R$ 65 a saca”, afirma Dilvo Groli.
Estes patamares representam um acréscimo de 10% nos valores pagos no balcão neste momento. “No Paraná a característica é de pouca venda antecipada, pois cerca de 80% dos produtores são de pequeno porte que não trabalham com este tipo de comercialização. Eles não têm necessidade desta venda e o que comercializam antes é pela troca por insumos para o cultivo”.
“Outro fator é que aqui no Paraná temos outras fontes de tenda com a diversificação, tem o frango, o suíno, o leite, isso faz com que não gere pressão de venda da safra de soja”, segue.
Vale lembrar que nas cooperativas a venda antecipada da seja pode ocorrer até outubro.
Plantio antecipado
Com a antecipação do fim do vazio sanitário da soja, os produtores deverão começar a preparar a terra em duas ou três semanas. O vazio que antes se encerrava no dia 15 de setembro, agora chega ao fim no dia 10 do mês que vem. Isso significa que os produtores que investem na soja superprecoce iniciarão a semeadura nos primeiros dias de setembro. Vale lembrar que o vazio não tolera a planta já brotada.
