Cotidiano

Maduro ordena fechamento da fronteira colombiana por 72 horas

CARACAS ? O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou nesta segunda-feira que a fronteira com a Colômbia seja novamente fechada, desta vez por 72 horas. Esta é mais uma das medidas do governo para combater o contrabando de notas de 100 bolívares. Mais cedo, ele anunciou que as cédulas serão removidas de circulação, sob a justificativa de que há uma maciça extração das notas para as mãos de máfias na Colômbia.

Nas horas seguintes, os venezuelanos saíram para gastar as notas que serão removidas em até 72 horas, provocando longas filas em lojas. Vários estabelecimentos comerciais já não aceitam as notas de 100 ou colocaram placas para avisar que só receberão as cédulas até terça-feira ? e, por isso, muitas pessoas resolveram recorrer aos caixas eletrônicos para depositar suas notas.

Críticos reagiram rapidamente ao anúncio de Maduro, dizendo que o tempo estipulado não é suficiente para a operação no país, cuja economia enfrenta uma grave crise e uma das mais altas inflações do mundo. Maduro

? No uso das minhas faculdades constitucionais e através desse decreto de emergência econômica, decidi tirar de circulação os bilhetes de 100 bolívares nas próximas 72 horas ? afirmou o presidente, em seu programa de televisão ?Contato com Maduro?.

Maduro explicou que decidiu adotar a medida depois que as autoridades venezuelanas concluíram uma investigação que descobriu 300 milhões de bolívares represados na Colômbia e no Brasil. Segundo ele, as notas de 100 estariam em poder de máfias internacionais na Colômbia e chegariam até Ásia e Europa.

O presidente ainda afirmou que o governo investiga o caso desde 2014 e que, a partir da Colômbia, há extração maciça de notas venezuelanas, através de Cucuta e Maicao. Maduro pediu que a Justiça condene com penas de 12 a 18 anos quem tenha jogado com a moeda nacional.

A nota de 100 bolívares equivale a 2 centavos de dólar americano (6 centavos de real) e é a mais utilizada no país economicamente devastado. Dados do banco central mostram que havia mais de seis bilhões de cédulas como essa em circulação em novembro, o que representa cerca de 48% de todas as notas e moedas em uso.

A medida foi condenada pelo líder da oposição Henrique Capriles, que criticou o governo:

?Quando a incapacidade governa! Quem pensaria em fazer algo assim em dezembro e com as dificuldades que há? Maduro e sua cúpula!?, disse no Twitter.Capriles

A nota será retirada de circulação na quarta-feira e os venezuelanos terão dez dias para trocá-la no banco central. Em meio à grave crise econômica e aos altos índices de inflação, a medida vem dias antes de começarem a circular no país novas cédulas e moedas com um valor que multiplica em até 200 vezes a nota mais cara hoje.

O governo espera que isso aconteça paulatinamente a partir de quinta-feira, com novas moedas de 50 e de 100 e bilhetes de 500 bolívares. Mais adiante, serão introduzidas notas de mil, dois mil, cinco mil, dez mil e 20 mil. Atualmente, existem na Venezuela notas de 2, 5, 10, 20, 50 e 100 bolívares. A nota de 100 permite comprar apenas uma bala. Para comprar um hambúrguer, por exemplo, é preciso 50 notas dessas.