SÃO PAULO. O juiz Sérgio Moro encaminhou pedido à Justiça Federal de São Bernardo do Campo para que seja feita, num prazo de cinco dias, a citação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da ex-primeira dama Marisa Letícia e de Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, sobre o recebimento da denúncia e a abertura de ação penal relacionada a crimes de lavagem de dinheiro e corrupção no caso do tríplex do Guarujá e do pagamento, pela OAS, do armazenamento do acervo presidencial. O processo corre na 13º Vara Federal de Curitiba.
A partir da citação, passará a ser contado o prazo de 10 dias para que a defesa dos acusados apresentem resposta à acusação, chamada de defesa prévia. De acordo com o pedido de Moro, a citação será feita nos endereços residenciais do casal Lula e de Okamoto. Os três moram em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Serão entregues cópias da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal e da aceitação por Moro.
O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, será citado em Curitiba, na sede da Polícia Federal. Três executivos da empreiteira serão citados pela Justiça Federal de São Paulo – Agenor Medeiros, Fábio Yonamine e Roberto Ferreira – e um, o engenheiro Paulo Gordilho, pela Justiça Federal da Bahia.
Com o recebimento da denúncia por Moro, na terça-feira, Lula se tornou réu pela segunda vez numa ação derivada das investigações da Lava-Jato, a primeira perante a Justiça Federal do Paraná. Segundo a denúncia, Lula obteve R$ 3,7 milhões em vantagens indevidas que lhe foram pagas pela empreiteira, de forma dissimulada, em troca de contratos com o governo federal. Entre 2003 e 2015, os contratos do Grupo OAS com a administração pública federal somaram R$ 6,8 bilhões, 76% dos quais corresponderam a negócios com a Petrobras.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, por meio de sua assessoria de imprensa, que, ao aceitar a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o juiz Sérgio Moro ?confirmou sua parcialidade?. Classificou a denúncia como ?inepta? e disse que a ?atuação de Moro já foi denunciada ao Supremo Tribunal Federal e à Corte Internacional de Direitos Humanos da ONU?.
O ex-presidente é réu também em processo que tramita na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, acusado de tentar obstruir a Justiça comprando o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores do esquema de corrupção na estatal, que também foi originado nas investigações da Petrobras. A suposta participação de Lula foi denunciada pelo ex-senador Delcídio do Amaral, que afirmou em depoimento de delação que Lula queria manter Cerveró em silêncio para proteger o pecuarista José Carlos Bumlai, que havia retirado em nome dele, no Banco Schahin, um empréstimo para o PT, que foi pago com contrato bilionário fechado pelo Grupo Schahin com a Petrobras.