Cotidiano

Longo período sem mexer as pernas pode causar trombose

Época de férias chegando e viagens nos planos. Seja de carro, ônibus ou avião, é comum passar longo tempo sentado e sem movimentar as pernas. Cuidado! As longas viagens aumentam em até três vezes as chances de a pessoa desenvolver tromboembolismo venoso, condição que pode resultar em trombose venosa profunda e embolia pulmonar. Isso ocorre porque, com muito tempo na mesma posição, pode haver alteração do fluxo sanguíneo.

A trombose se caracteriza pela formação de trombos – coágulos sanguíneos – e pode resultar em obstrução e inflamações na parede dos vasos responsáveis pela passagem do sangue, podendo causar sérias complicações como AVC (Acidente Vascular Cerebral) e embolia pulmonar e até levar à morte.

Há uma série de fatores que podem desencadear a doença, entre eles a idade avançada, sedentarismo, insuficiência cardíaca, obesidade, tumores malignos, presença de varizes e imobilização.

Foi o que aconteceu com a hematologista Suely Rezende. Professora do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do conselho diretor da International Society on Thrombosis and Haemostasis – ISTH, a médica atua justamente na prevenção da doença com jovens médicos e pacientes, mas por ironia do destino virou vítima de uma embolia pulmonar grave, causada por uma trombose, voltando de uma viagem de Lisboa.

A profissional desembarcou do avião em São Paulo e, minutos depois, teve de ser socorrida pela equipe médica do aeroporto internacional de Guarulhos, que não conseguiu identificar o problema.

A trombose venosa relacionada à viagem é também conhecida como “síndrome da classe econômica”. Um estudo prospectivo observacional publicado em 2008 calculou que o risco de embolia pulmonar grave imediatamente após um voo aumenta com a duração da viagem e varia de zero em voos com duração inferior a três horas até 4,8 eventos por milhão em voos com duração acima de 12 horas.

O risco de embolia pulmonar fatal imediatamente após o desembarque é menor que 0,6 por milhão de passageiros em voos com duração superior a três horas, porém aumenta exponencialmente quando falamos em trombose assintomática após voos de longa duração, chegando a 12%.

“Infelizmente, no Brasil, as pessoas desconhecem esses riscos, pois, ao contrário do que acontece em outros países, a informação não é disseminada pelas companhias aéreas”, alerta a médica.

Nas redes sociais

O assunto trombose ganhou repercussão nos últimos dias. É que Túlio Gadelha foi diagnosticado com o problema. O político pernambucano é namorado da apresentadora Fátima Bernardes. Ele relatou nas redes sociais que sentia dores nas pernas, mas imaginou que tivesse sido causada por uma caminhada no frio realizada durante viagem à Europa. A postagem repercutiu na internet e gerou alerta de que longas viagens podem ser um fator de risco para trombose, diagnosticada na sequência.

O angiologista Jorge Seraphim, do Hapvida Saúde, observa que as causas são variadas e podem estar relacionadas a algo inerente ao organismo, quando a pessoa já possui tendência a desenvolver o problema, a uma situação de período pós-operatório, e, ainda, no caso de ficar muito tempo sem mexer as pernas.

Ele alerta que o perigo está na agravação no quadro de trombose. "O grande problema é que pode gerar embolia pulmonar, quando as veias do pulmão ficam obstruídas e que em alguns casos são fatais. Uma embolia pulmonar extensa, porém, também traz muitas sequelas no longo prazo do ponto de vista pneumológico e ainda pode causar afastamento da atividade profissional", explica o médico.

Sintomas

Os sintomas são dores, inchaço nas pernas e, em alguns casos, até úlceras.

O tratamento deve ser individualizado e pode ser feito tanto de forma hospitalar, quando há a necessidade de internação, quanto laboratorial. Por isso, é importante que cada caso seja avaliado para que haja um diagnóstico preciso da estabilidade do quadro da doença.

Como prevenir

O angiologista Jorge Seraphim dá dicas das medidas que podem ser tomadas para diminuir o risco da trombose: "Cada situação da vida exige uma prevenção. É sempre importante manter a vida e a alimentação saudáveis. Entretanto, quando se está em situação de risco, como, se a pessoa for submetida a uma cirurgia, deve ser feito um protocolo de prevenção personalizado", explica.

A adoção de hábitos saudáveis é essencial principalmente àqueles que têm pré-disposição à trombose. Em situações de viagens longas, onde é preciso ficar sentado durante muito tempo sem se movimentar, outras soluções podem ser tomadas. Algumas simples, como se levantar de tempos em tempos, e outras mais complexas a ser, sempre, sob orientação profissional.