SÃO PAULO. A força-tarefa da Lava-Jato tenta localizar um patrimônio oculto do ex-deputado Eduardo Cunha que alcança pelo menos US$ 13 milhões. Segundo os procuradores, ao abrir conta em bancos no exterior, o patrimônio de Cunha era avaliado entre US$ 16 milhões e USD$ 20 milhões e até agora foram bloqueados apenas cerca de US$ 3 milhões numa conta do ex-deputado na Suíça.
Ao banco suíço Julius Baer, Cunha declarou em 2007 ter um patrimônio de US$ 20 milhões, o equivalente a R$ 64 milhões – mais de 53 vezes maior que o patrimônio declarado ao Imposto de Renda no Brasil naquele ano, de R$ 1,2 milhão.
Segundo os procuradores, todas as contas na Suíça foram fechadas por Cunha e, apesar de as investigações não terem localizado contas nos Estados Unidos , ele manteve até pouco tempo uma caixa postal para receber corrrespondências em Nova York, serviço que teria sido contratado para garantir o anonimato no recebimento de correspondências das instituições financeiras no exterior. A caixa postal foi usada, por exemplo, para receber extratos das contas na Suíça.
Ao indicar aos bancos suíços o endereço da caixa postal nova-iorquina, Cunha argumentava que os correios no Brasil não seriam confiáveis. “Tratou-se
de um estratagema que tinha a finalidade de garantir o anonimato do ex-parlamentar no recebimento de correspondências de instituições financeiras suíças”, diz o MPF no documento em que pediu a prisão do ex-deputado ao juiz Sérgio Moro
No Merril Lynch de Nova York, onde Cunha manteve conta por mais de 20 anos e encerrou em 2008, ao preencher um cadastro o próprio Cunha afirmou possuir patrimônio de US$ 11 milhões. Segundo a gerente da conta, na época da abertura o patrimônio estimado dele era de US$ 16 milhões. A fortuna era explicada lá fora como oriunda de aplicações no mercado financeiro do investimento no mercado imobiliário carioca.
Ao abrir conta para uma offshore criada em Cingapura, por exemplo, Cunha chegou a informar que ela seria destinada a “novos negócios”, em especial no setor energético.
No Brasil, além de inconsistências no Imposto de Renda de Eduardo Cunha e de sua mulher, Cláudia Cruz, a Lava-Jato identificou que despesas da família foram pagas pelo operador Lúcio Funaro. Empresas de Funaro emitiram os cheques que pagaram a compra de pelo menos três veículos, como uma Hyndai Tucson e um Tiguan.
“Lúcio Bolonha Funaro era o operador de propinas de Eduardo Cunha no Brasil”, afirmam os procuradores, acrescentando que ficou claro, após as investigações, que os valores usados na compra de automóveis era provenientes de crimes cometidos por Cunha, “acautelados” por Funaro.