BUENOS AIRES O juiz federal Claudio Bonadio ordenou nesta quarta-feira o embargo de todos os bens da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, informou o jornal “Clarin”, citando fontes judiciais. A ex-chefe de Estado é investigada por suposta associação ilícita que provocou prejuízo estimado em 27 bilhões de pesos (quase R$ 7 bilhões) ao país por irregularidades em operações de venda de dólar futuro através do Banco Central.
A audiência foi realizada no gabinete do juiz Bonadio, e terminou pouco depois de 13h15. Cristina havia pedido para adiar a sessão, prevista inicialmente para 10h, argumentando questões médicas. Mas, aparentemente, a intenção da ex-presidente era evitar coincidir com o horário do interrogatório do empresário Lázaro Báez sócio e amigo da família Kirchner , que se recusou a depor e apresentou uma declaração escrita.
Segundo Bonadio, as operações do BC que levaram a um enorme prejuízo em 2015 não poderiam ter sido concretizadas sem aval do Ministério da Fazenda e do Executivo. Por conta disso, além de Cristina, viraram réus também o ex-ministro da Economia Axel Kicillof, hoje deputado, e o então chefe do BC, Alejandro Vanoli, além de outras 12 pessoas, todos funcionários ligados ao antigo governo.
Bonadio questionou a venda de dólares no mercado futuro com preço mais baixo que a cotação, o que obrigou o Estado a pagar uma grande diferença aos consumidores quando o peso se desvalorizou, com uma medida de Mauricio Macri adotada logo após assumir a Casa Rosada, em janeiro, unificando os dois valores vigentes no período. Cristina teria autorizado a venda do dólar a 10,50 pesos em setembro passado, quando a moeda americana era cotada a 9,60 pesos.
O kirchnerismo argumenta que não se pode acusar a presidente por uma política monetária contra a desvalorização do peso. Ela afirma que não cometeu crime de corrupção, enriquecimento ilícito ou qualquer outro delito previsto no Código Penal, e se considera vítima de perseguição política.
Atualmente, a ex-chefe de Estado está sendo investigada em mais de cinco processos em mãos dos tribunais de Buenos Aires, por denúncias de lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, falsficação de documentos públicos e não cumprimento dos deveres de funcionário público.