RIO O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira respondeu, através de um comunicado emitido nesta quinta-feira, ao posicionamento do atual Ministério da Cultura do governo interino Michel Temer, que na última terça-feira publicou uma nota oficial condenando o planejamento e a execução da programação cultural dos Jogos Olímpicos. O comunicado publicado no site do MinC acusa a gestão de Juca Ferreira de erros graves, falta de pagamento, e afirma que o programa cultural está seriamente comprometido por atrasos no cronograma e no planejamento.
Em resposta, Juca Ferreira afirma que em janeiro deste ano, o Governo Federal confirmou os recursos necessários para a realização desta programação, diz. Seriam cerca de R$ 85 milhões para mais de 30 linhas de ações, que incluem apresentações artísticas de diversas linguagens, exposições, mostras de cultura popular e cultura indígena, entre outras.
O comunicado de Juca diz ainda que no momento em que a sua gestão foi interrompida, em função do afastamento da presidente Dilma Rousseff e da Medida Provisória que extinguiu o Ministério da Cultura, o cronograma de contratações estava em dia, sem comprometimento de qualquer atividade.
O texto publicado pelo atual Ministério da Cultura dizia que do pacote de R$ 85 milhões anunciado, apenas R$ 9.969.439 milhões estavam empenhados até maio. Se seguia: Parte dos investimentos previstos pela antiga gestão da Funarte estava superdimensionado e incluía a realização de obras estruturais em equipamentos sob custódia privada, com destinação de volume excessivo de recursos para um único projeto. O Ministério da Cultura vai reavaliar tais iniciativas sob o ponto de vista jurídico.
Em contraponto, Juca diz que a documentação dos processos e o desenho jurídico das contratações foram apresentados em relatório de gestão preparado para que não houvesse qualquer descontinuidade. Ele afirma que o empenho dos recursos também seguia cronograma seguro, diretamente relacionado com as contratações artísticas e de produção. Segundo Juca, cerca de R$ 70 milhões já haviam sido repassados às unidades finalísticas responsáveis pela realização das atividades. O ex-ministro diz que não há no processo nenhum superdimensionamento ou irregularidade, conforme sugerido pela nota publicada pela atual gestão do MinC. E acusou a gestão de Marcelo Calero à frente do MinC de incapacidade em dar conta da efetivação das contratações planejadas. Considerando como um dos problemas centrais o fato de a Funarte, responsável por grande parte das contratações artísticas, estar há 40 dias sem presidente. Não é aceitável, assim, que críticas infundadas à gestão anterior sejam usadas para encobrir a inércia e a incapacidade de realização da atual gestão, que colocam em risco a programação cultural dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, diz Juca.
Leia a íntegra do comunicado emitido por Juca Ferreira:
A gestão de Juca Ferreira no Ministério da Cultura trabalhou intensamente para viabilizar uma programação cultural ampla e diversificada durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio de Janeiro.
Além de ser a mais importante competição esportiva do mundo, os Jogos são uma plataforma de enorme visibilidade, que mobilizará a audiência de bilhões de pessoas, e reunirá visitantes de todo o planeta. Será, sem dúvida, um momento ímpar para afirmar a cultura brasileira e dar visibilidade à nossa diversidade cultural e à qualidade estética da produção artística realizada em todo o país.
Em janeiro deste ano, o Governo Federal confirmou os recursos necessários para a realização desta programação, destinando R$ 85 milhões para mais de 30 linhas de ações que incluem apresentações artísticas de diversas linguagens, exposições, mostras de cultura popular e cultura indígena, entre outras. Foram planejados mais de 2 mil espetáculos e atividades, em 80 locais de apresentação, envolvendo cerca de 10 mil artistas e produtores de todo o país.
No momento em que a gestão foi interrompida em função do afastamento da Presidenta Dilma Rousseff e da publicação de Medida Provisória que acabou com o Ministério da Cultura, o cronograma de contratações estava em dia, sem comprometimento de qualquer atividade.
Todas as informações necessárias, a documentação dos processos e o desenho jurídico das contratações foram apresentados em relatório de gestão preparado para que não houvesse qualquer descontinuidade.
O empenho dos recursos também seguia cronograma seguro, diretamente relacionado com as contratações artísticas e de produção. Cerca de R$ 70 milhões já haviam sido repassados às unidades finalísticas responsáveis pela realização das atividades.
Um dos principais espaços de apresentações seria o complexo cultural da Fundição Progresso, espaço cedido sem ônus pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, conforme protocolo assinado entre a Secretaria de Estado da Cultura e o Ministério da Cultura. O planejamento da contratação relativa à produção executiva das atividades previstas para o complexo cultural foi dimensionado a partir de cotações de mercado e conforme orientação da Advocacia Geral da União. O contrato de produção executiva foi deixado pronto para assinatura, mas não foi firmado justamente para que a nova gestão tivesse condições de redimensioná-lo no caso de eventual mudança no planejamento das atividades. Assim, não há no processo nenhum superdimensionamento ou irregularidade, conforme sugerido pela nota publicada pela atual gestão do MinC.
O que se revela neste momento é a incapacidade da atual gestão em dar conta da efetivação das contratações planejadas. Um dos problemas centrais é o fato de a Funarte, responsável por grande parte das contratações artísticas, estar há 40 dias sem presidente. Não é aceitável, assim, que críticas infundadas à gestão anterior sejam usadas para encobrir a inércia e a incapacidade de realização da atual gestão, que colocam em risco a programação cultural dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A credibilidade de uma gestão não se constrói com calúnias à gestão anterior, mas com seriedade, eficiência e transparência, como foi a marca de nossa atuação à frente do Ministério da Cultura.