RIO – O número de atentados a profissionais de imprensa chegou a 186 nos dois anos
correspondentes ao período entre o segundo semestre de 2014 e agosto de 2016, de
acordo com o Relatório de Liberdade de Imprensa da Associação Nacional de
Jornais (ANJ). A cifra é menor do que a registrada no intervalo de agosto de
2012 a julho de 2014, quando ocorreram 318 casos. Entretanto, o documento
destaca que a redução corresponde, sobretudo, à diminuição dos atos de violência
no contexto de manifestações públicas, ocorridas em grande número entre 2013 e
2014.
Já os crimes mais graves aumentaram. O número de homicídios com claras
evidências de vinculação com a atividade jornalística subiu de oito para nove ?
dois deles ocorreram este ano. As prisões aumentaram: de 11 para 15.
? A ANJ é muito cautelosa com as estatísticas de assassinatos. Ainda assim,
os números do Brasil são absurdamente elevados. É o país latino-americano com o
maior número de mortes de profissionais de imprensa depois do México, que vive
uma situação de extrema violência. Somado ao fato de que existem muitos casos de
impunidade ? destaca Carlos Müller, diretor de comunicação da ANJ.
Os casos de censura judicial diminuíram, já que esse tipo de violação tende a
ocorrer com mais frequência em períodos eleitorais, em particular, municipais. O
documento classificou, porém, como alarmante o caso do jornal ?Gazeta do Povo?,
do Paraná, que foi alvo de uma série de ações em juizados especiais após
publicar reportagens sobre os altos salários do Judiciário no estado.
? Já tivemos casos de ações orquestradas em juizados para intimidar a
imprensa. O insólito neste caso é o fato de agentes do Estado recorrerem a esse
tipo de expediente ? ressalta Müller.